Educação & Cultura
Uma em cada quatro mulheres de 15 a 29 anos não estudava e nem estava ocupada em 2023
- Destaques
- Entre jovens com 15 a 29 anos, 19,8% não estavam ocupados nem estudando, proporção que era de 14,2% entre os homens e salta para 25,6% entre as mulheres.
- No grupo etário de 14 a 29 anos, 9,0 milhões não completaram o ensino médio, seja por abandonarem a escola antes do término desta etapa ou por nunca a terem frequentado. Destes, 27,4% eram brancos e 71,6% eram pretos ou pardos.
- Para 53,4% dos homens, o principal motivo para deixar a escola foi a necessidade de trabalhar, seguido pelo desinteresse em estudar (25,5%). Para as mulheres, o principal motivo foi também foi a necessidade de trabalhar (25,5%), seguido pela gravidez (23,1%).
- Cerca de 70,6% dos pretos e pardos com 18 a 24 anos não frequentavam a escola e não concluíram o ensino superior, enquanto entre os brancos nessa faixa de idade, a taxa foi de 57,0%.
- Entre os brancos de 18 a 24 anos, 36,5% estavam estudando, enquanto entre os jovens pretos e pardos essa taxa era de 26,5%.
- Cerca de 29,5% dos estudantes brancos com 18 a 24 anos cursavam o ensino superior, taxa que era de 16,4% entre os pretos ou pardos no mesmo grupo etário.
- O diploma de graduação já havia sido obtido por 6,5% dos brancos com 18 a 24 anos, enquanto entre os pretos e pardos na mesma faixa etária, essa proporção que era menos da metade: 2,9%.
No Brasil, em 2023, havia 48,5 milhões de pessoas de 15 a 29 anos e 15,3% delas estavam ocupadas e estudando, 19,8% não estavam ocupadas nem estudando, 25,5% não estavam ocupadas, porém, estudavam e 39,4% estavam ocupadas e não estudavam. São informações do módulo anual sobre Educação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE. Leia também a notícia sobre analfabetismo e taxas de escolarização.
Cerca de 25,6% das mulheres não estavam ocupadas, nem estudando ou se qualificando, enquanto 14,2% dos homens estavam nessa condição. Por outro lado, a proporção dos homens que apenas trabalhavam (47,3%) superava a das mulheres (31,3%) nessa condição.
Entre as pessoas brancas, 18,4% trabalhavam e estudavam, percentual maior que o das pessoas pretas ou pardas (13,2%). Por outro lado, o percentual de pretos ou pardos que não estudavam e não estavam ocupados (22,4%) foi bem superior ao dos brancos (15,8%) nessa condição.
Abandono escolar se intensifica a partir dos 15 anos
No grupo etário de 14 a 29 anos, 9,0 milhões não completaram o ensino médio, seja por abandonarem a escola antes do término desta etapa ou por nunca a terem frequentado. Destes, 58,1% eram homens e 41,9% eram mulheres. Considerando-se cor ou raça, 27,4% eram brancos e 71,6% eram pretos ou pardos.
Os maiores percentuais de abandono se deram nas faixas a partir dos 16 anos (16,0%), atingindo 21,1% aos 18 anos, idade que também registrou o maior aumento frente a 2019 (5,4 p.p.).
No entanto, “o grande marco da mudança foi a idade de 15 anos que, em geral, é a idade de entrada no ensino médio. Nessa idade, o percentual de jovens que abandonaram a escola (12,6%) quase duplicou frente aos 14 anos (6,6%)”, destaca Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE.
Necessidade de trabalhar e gravidez são as principais razões do abandono escolar feminino
Em 2023, 41,7% dos jovens de 14 a 29 anos com nível de instrução inferior ao médio completo apontaram a necessidade de trabalhar como fator prioritário para terem abandonado ou nunca frequentado escola, proporção que subiu 1,5 p.p. em comparação a 2022.
Para 53,4% dos homens nesse grupo etário, o principal motivo para deixar a escola foi a necessidade de trabalhar, seguido pelo desinteresse em estudar (25,5%). Para as mulheres, o principal motivo foi também a necessidade de trabalhar (25,5%), seguido pela gravidez (23,1%) e por não ter interesse em estudar (20,7%).
Além disso, para 9,5% das mulheres, os afazeres domésticos ou o cuidado de pessoas foram o principal motivo para terem abandonado ou nunca frequentado escola, enquanto entre homens, este percentual foi inexpressivo (0,8%).
70,6% dos jovens pretos e pardos deixaram os estudos sem concluir o ensino superior
Em 2023, a taxa de escolarização das pessoas de 18 a 24 anos foi de 30,5%, percentual próximo ao de 2022. Por sua vez, 21,6% desses jovens frequentavam cursos da educação superior e 8,9% estavam atrasados, frequentando a educação básica. Já 4,3% haviam completado o ensino superior e 65,2% não frequentavam escola e não concluíram o nível superior.
Entre os pretos ou pardos no mesmo grupo etário, 26,5% estavam estudando e apenas 16,4% cursavam uma graduação superior. Nessa mesma faixa, 6,5% dos brancos tinham graduação completa, mais que o dobro da proporção de pretos e pardos graduados (2,9%).
Enquanto 57,0% das pessoas brancas com 18 a 24 anos deixaram os estudos sem concluir o ensino superior, para pessoas pretas ou pardas essa taxa chegava a 70,6%. Entre os brancos desse grupo etário, 36,5% estavam estudando e 29,5% estavam no ensino superior.
“Idealmente, as pessoas de 18 a 24 anos estariam no ensino superior, caso completassem o ensino básico na idade adequada. Contudo, o atraso e a evasão escolar estão presentes no ensino fundamental e no ensino médio. Consequentemente, muitos jovens nessas idades já não frequentam mais a escola, ou ainda frequentam o ensino básico obrigatório”, explica a coordenadora.
Em 2023, um percentual maior de mulheres de 18 a 24 anos frequentava a escola (33,4% frente a 27,7% dos homens). Além disso, 25,1% delas eram estudantes de graduação e 5,1% tinham este grau concluído, enquanto, entre os homens, os percentuais foram, respectivamente, 18,3% e 3,5%.
“A Meta 12 do PNE é que a taxa de frequência escolar líquida no ensino superior para a população de 18 a 24 anos suba para 33% até 2024. Em 2023, no Brasil, essa meta havia sido alcançada somente entre as pessoas de cor branca, com taxa de 36,0%. O desafio do país será reduzir essas desigualdades, combatendo o atraso escolar e incentivando a permanência na escola”, completa.
Mais sobre a pesquisa
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua investiga, trimestralmente, um conjunto de informações conjunturais sobre as tendências e flutuações da força de trabalho e, de forma anual, temas estruturais relevantes para a compreensão da realidade brasileira.
O módulo anual de Educação da PNAD Contínua analisa o analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade, o nível de instrução e número médio de anos de estudo das pessoas de 25 anos ou mais de idade, a taxa de escolarização por faixas etárias, as taxas ajustadas de frequência escolar líquida e a condição de estudo e ocupação das pessoas de 15 a 29 anos, entre outros temas.
A partir do segundo trimestre de 2020, ano inicial da pandemia de COVID-19, o IBGE alterou a forma de coleta dos dados da PNAD Contínua, passando a realizar as entrevistas, antes presenciais, exclusivamente por telefone, até o final do segundo trimestre de 2021. Essa modalidade de obtenção dos dados gerou impactos na coleta e, consequentemente, uma redução considerável na taxa de aproveitamento da amostra, em 2020 e 2021. Devido à ausência de tais informações, a série histórica da pesquisa abrange o período de 2016 a 2019 e os anos de 2022 e 2023.