Educação & Cultura
Sugestões de atividades para estimular o desenvolvimento da oralidade
Na Educação Infantil, alguns pontos merecem atenção constante para que seja possível realizar as intervenções adequadas
Queridos professores e professoras, ao tratarmos de questões do desenvolvimento infantil, é importante que tenhamos conhecimento sobre aspectos que envolvem os marcos desse desenvolvimento para as diferentes faixas etárias e, principalmente, aquela na qual atuamos. Para falarmos sobre desenvolvimento da oralidade não seria diferente, mas isso não enquadra as crianças em parâmetros rígidos, nem, tão pouco, nos autoriza a realizar comparações e classificações entre elas.
Em cada fase, espera-se do bebê e da criança alguns pontos que merecem atenção constante para que seja possível realizar as intervenções adequadas, compreendendo que cada etapa tem suas peculiaridades e garantindo a concepção de criança como ser em nível próprio de desenvolvimento. Ou seja, não como alguém carente de completude ou como preparação para um vir a ser de adolescente e adulto.
Tais aspectos sobre o desenvolvimento da linguagem também nos ajuda a construir expectativas ajustadas e não esperar dos bebês competências ainda em fase de evolução, nem tampouco atuar com as crianças da pré-escola sem considerar alguns encaminhamentos quando observa-se que uma delas está prejudicada na capacidade de uma comunicação mais elaborada.
Intencionalidade pedagógica e atividades para desenvolver a oralidade
A linguagem oral – como competência – não se desenvolve espontaneamente, mas requer incentivo, estímulo e modelos para o recurso de imitação. Por isso, deve ser intencionalmente planejada pelo professor em todos os momentos, tanto naqueles de interação livre, em que as crianças terão a oportunidade de explorar diferentes espaços e materiais; de cuidados pessoais, como a alimentação, higiene e repouso; nos momentos dirigidos de musicalização e contação de histórias, assim como nos momentos de atenção coletiva, em que se busca ampliar os conhecimentos sobre a cultura, história, ciência e demais saberes.
Nessa conversa, gostaria de destacar alguns pontos de atenção simples, bem como algumas estratégias para contribuir com seu planejamento para estimular o desenvolvimento da oralidade nos diferentes grupos etários da Educação Infantil.
Grupo dos bebês
Até os doze meses, temos a intensa comunicação não verbal e o recurso do choro como única forma de expressão sonora de desejos e necessidades por parte dos bebês. De nossa parte, enquanto professores, é imprescindível a comunicação gestual e oral acontecendo de forma constante em todos os momentos de interação com os bebês. Na chegada, um acolhimento afetuoso com palavras e expressões que revelam a alegria do reencontro e, durante a rotina, a comunicação integral de todas as ações realizadas com solicitação prévia de autorização para o toque, com a antecipação da ação.
Uma situação de exemplo é o momento de troca de roupas, em que se indica o movimento, nomeia as peças de roupas e partes do corpo para, então, realizar o toque. Em continuidade, é importante compartilhar a sensação de bem estar que esse momento pode proporcionar para que o bebê crie repertórios para indicar o que lhe agrada.
Da mesma forma, falar sobre o ocorrido numa queda ou situação de desagrado, recontando com o bebê o que aconteceu e validando seu choro e outras expressões, para que ele desenvolva habilidades para comunicar suas necessidades.
Para os momentos de proposta dirigida, se mantém a ideia de que a comunicação constante por parte do professor como incentivador e modelo é fundamental. No entanto, o ato de escutar os bebês, pode ser o mais importante aprendizado, ou seja, que seja garantido tempo e espaço de qualidade para elaborarem seus próprios repertórios e construam sentido sobre o que lhes é proporcionado.
Aqui no site da NOVA ESCOLA há sugestões que podem ajudar a pensar esses momentos com uma sequência de cinco planos de aula sobre brincadeiras com a linguagem oral.
Grupo das crianças bem pequenas
Na faixa etária das crianças bem pequenas, entre cerca de 2 até os 4 anos incompletos, o professor precisa compreender que é uma fase de grande expansão da oralidade. Nesse período, as crianças têm capacidade para aprender muitas palavras novas todos os dias e começam a estruturar as primeiras frases. É importante que pais e professores estejam atentos para que outros profissionais possam intervir, caso essa largada para as iniciais elocuções não aconteça de maneira adequada, com ajustes a serem realizados – primeiro na interação dos adultos para com essa criança.
Aqui, se mantém uma rotina bem dialogada em todos os momentos, com cada vez mais espaço para que apresentem oralmente suas impressões sobre o mundo em expansão que as cerca.
Essas elaborações se aprimoram à medida que a criança se sente segura para revisitar as sensações de suas descobertas, como nas brincadeiras, histórias, filmes, músicas. Por isso, a repetição, a constância e a contextualização devem estar presentes no planejamento que incentive a oralidade. Assim, gostaria de sugerir os 5 planos de aula sobre Histórias de repetição, disponíveis no site da NOVA ESCOLA.
Grupo das crianças pequenas
Já na faixa etária das crianças pequenas, temos em desenvolvimento a capacidade de uma comunicação mais elaborada, com oportunidade para uma maior sincronicidade entre pensamento e linguagem. Algumas questões comportamentais podem influenciar, como timidez, receios com a exposição e até traumas, sendo, assim, é preciso estar atento para que as mediações contribuam para sua superação. Novamente: o importante é garantir um ambiente seguro nas relações em sala para que as crianças se sintam livres e se expressem oralmente, aprendendo que suas ideias têm lugar de acolhimento e que da mesma forma é importante desenvolver uma escuta atenciosa para com seus colegas.
Os 5 planos de aula: Conversando sobre histórias e ilustrações são boas sugestões de como é possível estimular o desenvolvimento da oralidade nessa fase, ao oportunizar que se explore a imaginação e a criatividade em construções com seus pares.
Desejo que essas dicas sejam bem aproveitadas para que os pequenos descubram desde cedo que a boa palavra nos fortalece.
Um abraço e até breve!
Paula Sestari é professora da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com dez anos de experiência nessa etapa, e mestra em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto com crianças pequenas na área de Educação Ambiental.
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