ECONOMIA
Câmbio: Dólar fecha em queda beneficiado por desaceleração da atividade nos Estados Unidos
No fim do dia, a moeda recuou 0,74%, a R$ 5,13 — menor valor de fechamento em dez dias
O dólar comercial fechou o dia em queda 0,74%, caindo pelo terceiro pregão seguido, cotado a R$ 5,13. A moeda acompanhou seus pares e foi beneficiada por uma atividade econômica nos Estados Unidos — os PMIs de serviço e da indústria — em desaceleração, o que pode abrir espaço para um corte de juros por lá.
Movimento do dólar
Tirando um movimento limitado de alta na primeira hora de negócios, antes da divulgação de indicadores americanos, a divisa trabalhou em queda no restante do pregão. Com aprofundamento das perdas ao longo da tarde, em sintonia com o exterior, o dólar registrou mínima a R$ 5,1195.
No fim do dia, a moeda recuou 0,74%, a R$ 5,13 — menor valor de fechamento em dez dias.
Nos três últimos pregões, a divisa acumulou queda de 2,28%. Em abril, contudo, o dólar ainda apresenta valorização de 2,29% ante o real.
Desempenho do DXY
No exterior, o índice DXY — que mede o desempenho da moeda americana em relação a seis divisas fortes, em especial o euro — voltou a trabalhar abaixo da linha dos 106,000 pontos, com mínima aos 105,614 pontos.
Entre as principais divisas emergentes e de países exportadores de commodities, os maiores ganhos foram do peso mexicano e do real. A recuperação já era esperada, dado que ambas as moedas ainda acumulam as piores perdas entre emergentes no mês.
Análise de especialistas
“O movimento de alta do dólar foi muito forte na semana passada e está sendo revertido aos poucos. O dólar está voltando também em relação a outras moedas. E aqui os exportadores estão trazendo recursos para aproveitar a taxa de câmbio mais alta”, afirmou o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, em entrevista ao Estadão.
“O BC acertou em não intervir. Os fundamentos mudaram e não fazia sentido atuar para mascarar esse processo”, completou.
Dados econômicos dos EUA
Nos EUA, o PMI composto divulgado pela S&P Global caiu de 52,1 em março para 50,9 em abril, no menor nível em quatro meses. Analistas esperavam alta para 52,5. O PMI Industrial recuou de 51,9 para 49,9.
A ferramenta do CME Group mostrou um aumento nas chances de redução de 50 pontos-base de juros pelo Fed neste ano, passando a se situar um pouco acima das apostas em corte de apenas 25 pontos-base.
Cenário fiscal
No momento, as atenções se voltam para os esforços do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para desmontar a pauta-bomba no Congresso que pode engordar os gastos em R$ 70 bilhões. Após a reunião de hoje com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Haddad disse que houve acordo para votação do projeto de lei que reformula o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), com custo fixo de R$ 15 bilhões até 2026.
Citi
Para o Citi, o aumento do risco fiscal local ajuda a explicar a depreciação recente do real e deve levar o dólar a oscilar em torno de R$ 5,10 no fim de 2024. Antes, o banco esperava que a taxa de câmbio se mantivesse abaixo de R$ 5, dada a solidez das contas externas.
“A depreciação do real, combinada a um aumento do CDS [Credit Default Swap] do Brasil acima da média dos emergentes, indica que os preços dos ativos domésticos não estão reagindo só a fatores externos”, diz o banco.