Esporte
Revezamento da tocha olímpica: a tradição que começou como propaganda para a Alemanha nazista
Com os Jogos Olímpicos marcados para começar no final de julho em Paris, na França, as expectativas para o início de mais uma edição de um dos maiores eventos esportivos do planeta estão cada vez maiores. Um exemplo disso é a chama olímpica, acesa durante uma cerimônia coreografada em Olímpia, na Grécia. Já a tocha seguirá para a cidade-sede a partir de agora, chegando a tempo da cerimônia de abertura no dia 26 de junho.
E embora todas as tradições tenham sido inspiradas em práticas da Grécia Antiga, o revezamento da tocha iniciou-se em uma época mais sombria: sua primeira realização aconteceu ainda na Alemanha nazista, quando Adolf Hitler e seus aliados notaram uma brecha para realizar uma propaganda política. Entenda!
As Olimpíadas e o nazismo
Quando Adolf Hitler se tornou chanceler da Alemanha em 1933, ele não demonstrou qualquer interesse em sediar os Jogos Olímpicos de verão. Na sua concepção, o evento era “uma invenção dos judeus e maçons”, servindo apenas para deturpar os ideias que ele estava tentando implementar em seu país.
Porém, anos mais tarde, o Führer acabou mudando de ideia ao perceber que receber um evento desse porte poderia lançar um holofote internacional sobre a Alemanha e, sobretudo, sobre o partido nazista. Assim surgiu a cerimônia de revezamento da tocha olímpica para inaugurar o campeonato.
Essa foi uma ideia criada por Carl Diem, o principal organizador da Olimpíada de 1936 em Berlim. Embora não fosse do partido, ele imaginou um desfile de mais de 3 mil corredores carregando uma chama de Olímpia até Berlim, e os nazistas transformaram sua visão em realidade.
Evento histórico
Segundo historiadores, começar o revezamento da tocha olímpica na Grécia e terminá-lo a cerca de 2,4 mil km de distância, em Berlim, serviria para reforçar a ideia da herança entre o poder antigo e o novo, principalmente focado na raça ariana. Então, a diretora Leni Riefenstahl filmou a cerimônia no dia 20 de julho de 1936 para um filme de propaganda batizado de Olympia.
Para os antigos gregos, o fogo era um elemento sagrado e perpétuo, sendo mantido em frente aos seus principais templos. Logo, exibi-lo em sua força máxima no maior palco nazista da Alemanha seria uma demonstração de poder e influência nunca visto antes numa escala internacional.
A estratégia de Hitler e seus aliados certamente foram um sucesso, mas é preciso destacar que a cerimônia do revezamento da tocha evoluiu bastante durante os anos. Desde que foi feita pela primeira vez em 1936, a tocha passou a embarcar em viagens cada vez mais complexas e até mesmo foi parar em locais como o cume do Monte Everest em 2008 e na Estação Espacial Internacional em 2013.
Hoje, todas as raízes nebulosas já foram deixadas para trás e o evento é mais uma representação do país anfitrião e o espírito de celebração de tradições antigas dos Jogos Olímpicos.