ECONOMIA
Câmbio: Dólar fecha em alta após Copom cortar Selic
A moeda brasileira contrariou outras divisas emergentes, que se valorizaram em relação ao dólar
O dólar fechou em alta de 1,01%, cotado a R$ 5,14. A moeda foi impulsionada pelo temor de que o fiscal saia do controle, tese que ganhou força após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter cortado, ontem, a Selic (taxa básica de juros) em 0,25 ponto percentual (pp), o que, para o mercado, mostra que o Banco Central (BC) está preocupado com o quadro fiscal doméstico.
A moeda brasileira contrariou outras divisas emergentes, que se valorizaram em relação ao dólar, influenciadas pelo alívio nas taxas dos Treasuries, títulos do Tesouro dos EUA.
“Estamos vendo um mercado de câmbio bastante volátil, estressado. A principal justificativa é interna, com a comunicação sendo muito mais dura do que o previsto, com o mercado entendendo que o governo terá influência sobre a próxima presidência do BC”, opina o analista da Potenza Capital, Bruno Komura.
Cenário atual e especulações sobre o Banco Central
O aumento do dólar está ligado ao aumento do prêmio de risco, devido à possibilidade de uma postura mais tolerante do Banco Central com a inflação a partir de 2025, quando o presidente atual, Roberto Campos Neto, será substituído.
O Copom reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,50% ao ano, mas houve mal-estar devido à perspectiva de mudança de perfil do colegiado sugerido pelo placar da votação.
Análise de consultorias e economistas
Consultorias como a Capital Economics afirmam que o real deve sofrer nos próximos trimestres, apesar da desaceleração do ritmo de cortes da taxa Selic. Especula-se que o número de membros mais dovish no Copom provavelmente aumentará no próximo ano, o que pode levar a uma trajetória de queda das taxas de juros.
Economistas como André Galhardo, da Remessa Online, consideram a reação do mercado “desproporcional” e acreditam que o dólar deve continuar operando em um corredor entre R$ 5,05 e R$ 5,15.