Internacional
Cerca de 300 mil pessoas deixaram Rafah, no sul da Faixa de Gaza, na última semana
Milhares de pessoas estão deixando Rafah em direção ao centro de Gaza enquanto a violência se intensifica na cidade ao sul do enclave e em seus arredores; secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçou que uma operação em grande escala teria “consequências catastróficas e deveria ser evitada”
A agência da ONU para refugiados palestinos, Unrwa, alertou que, na última semana, cerca de 300 mil pessoas deixaram Rafah. O exército israelense ordenou novas evacuações da cidade do sul da Faixa de Gaza nos últimos dias.
Além do Unrwa afirmar que “não há refúgios” no enclave, neste domingo o secretário-geral da ONU, António Guterres, e chefe de direitos humanos, Volker Turk, afirmaram que uma ofensiva israelense em grande escala na área teria consequências catastróficas e deve ser evitada a todo custo.
O deslocamento forçado e as operações militares em Rafah estão piorando uma situação já catastrófica.
Consequências catastróficas
Em uma conversa telefônica no sábado, o chefe da ONU e o primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani, “concordaram que uma operação militar em grande escala em Rafah teria consequências catastróficas e deveria ser evitada”.
Em nota, o secretário-geral agradeceu os esforços de mediação do Qatar para intermediar um acordo urgente de cessar-fogo em Gaza e a libertação imediata dos reféns. Guterres também discutiu a situação com o Emir do Kuwait, Meshal Al-Ahmad Al-Jaber, na Cidade do Kuwait, no domingo.
Não há lugar seguro em Gaza
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse que estava “angustiado” com a piora nas condições de vida em Gaza em meio a intensificação de ataques aéreos das forças israelenses em Jabaliya e Beit Lahiya, no norte de Gaza, e em partes do centro de Gaza.
Ele também expressou preocupação com os relatos de disparos indiscriminados com mísseis a partir de Gaza. Turk observou que as últimas ordens de evacuação do exército israelense afetam quase 1 milhão de pessoas que estão abrigadas em Rafah.
O chefe de direitos humanos lembrou que as pessoas estão exaustas e famintas, muitas já foram deslocadas várias vezes e não há opções seguras. Outras cidades, especialmente Khan Younis, que deveria estar recebendo deslocados de Rafah, foram “reduzidas a escombros e continuam sob ataque”.
Palestinos fogem de rafah
Requisitos obrigatórios da lei humanitária internacional
Ele disse que as últimas ordens de evacuação e um ataque em grande escala em uma área densamente povoada não “podem ser conciliadas com os requisitos obrigatórios da lei humanitária internacional e com os dois conjuntos de medidas provisórias obrigatórias ordenadas pelo Tribunal Internacional de Justiça”.
Para Turk, “uma ofensiva em grande escala em Rafah não pode ocorrer”. Ele fez um chamado aos Estados influentes a “fazer tudo o que estiver ao seu alcance para impedir a escalada e proteger a vida dos civis”.
Ele ainda fez um pedido a Israel e aos grupos armados palestinos para que concordem “urgentemente com um cessar-fogo e libertem imediatamente todos os reféns”.