Esporte
Vettel faz Ímola sorrir, e Norris faz F1 ter esperanças
O domingo foi de emoções fortes em Ímola. A começar pela belíssima apresentação antes da largada da McLaren de 1993, com a qual Ayrton Senna conquistou algumas de suas vitórias mais icônicas (como a de Donington Park em 1993 e a do recorde de seis vitórias em Mônaco). Sebastian Vettel fez um dos tributos mais emocionantes dos últimos 30 anos ao colocar o Autódromo Enzo e Dino Ferrari de pé para ver suas voltas acelerando este carro icônico – que ele tanto admira que fez questão de o adquirir, por sinal.
A própria família Senna, representada pelas sobrinhas do piloto, Bianca e Lalalli Senna, não se seguraram e choraram de emoção ao final da volta. A reportagem de F1MANIA.NET acompanhou de perto este momento e foi bastante emocionante ver também a emoção do pai de Sebastian Vettel – ele um grande fã de Senna e que de fato inspirou seu filho a um dia ser piloto de F1, conquistando quatro títulos com a Red Bull.
“Tenho memórias do meu pai chorando com a morte de Senna, quando eu tinha 7 anos, e hoje foi muito emocionante poder retribuir toda este tributo aos fãs de Ayrton no mundo todo”, disse Vettel.
De fato, se Ímola era associado a um sentimento negativo, as homenagens deste final de semana, incluindo as de quinta-feira, de fato ajudam a tornar este pedaço da Itália tão especial para o automobilismo uma memória mais afetiva e alegre de Senna, e não só da tragédia ocorrida no GP de San Marino de 1994.
Foi bonito ver no grid também praticamente todas as equipes usando o adesivo do legado de 30 anos de Ayrton Senna, inclusive a Ferrari, fechando um sonho que em vida o brasileiro não pode realizar.
Em relação ao GP, a escuderia italiana bem que tentou, mas o papel de grande rival da Red Bull foi da McLaren, essa sim uma escuderia bastante associada a Senna. Lando Norris fez a F1 voltar a ter esperança de um campeonato competitivo em 2024. Após vencer em Miami, ele teve uma grande chance de voltar ao primeiro lugar hoje em Ímola. “Talvez com uma volta a mais seria possível tentar uma manobra de ultrapassagem, mas jamais saberemos”, disse Noris na coletiva.
Eu perguntei a Verstappen se a corrida de hoje teria sido uma de suas melhores performances na F1, e ele foi discreto ao responder que “em 2024 com certeza, mas que nós como um time estamos entendendo o que aconteceu de dificuldades aqui em Ímola para sairmos mais fortes”, disse o holandês.
Outra pergunta que ele respondeu de forma curiosa foi quando questionei sua relação com os tifosi. “Ela é muito boa, mas tinha um cara na saída do pit lane me dando o dedo do meio.. Eu mostrei a ele a mesma coisa e na volta seguinte ele já tinha aprendido a lição”, respondeu Verstappen. Então, caro leitor, quando você pensar em fazer algum gesto obsceno a um piloto no autódromo, cuidado que a visão dele pode ser bem mais apurada do que você pensa…
Com duas corridas de final emocionante (convenhamos, a prova em Ímola foi sonolenta em sua primeira metade, pegando fogo somente no final com a aproximação de Norris), a pergunta que fica pro torcedor é se de fato Ferrari e McLaren conseguirão fazer frente a Verstappen. O problema é que a próxima corrida é justamente a mais atípica do ano, no circuito de rua de Monte Carlos, no Principado de Mônaco.
O próprio Verstappen disse que o que se viu nestes últimos GPs deve ser “zero” levado em consideração para a corrida do próximo domingo. Ao mesmo tempo, será justamente no circuito mais tradicional da F1 onde o holandês pode quebrar um recorde de Ayrton Senna ao fazer nove poles seguidas.
Sim, são eras diferentes, mas uma marca histórica precisa ser respeitada. É verdade que o brasileiro atingiu isso em 1988 e 1989 tendo como companheiro de equipe simplesmente o então bicampeão do mundo, Alain Prost, e em seu primeiro ano entrando no time que já “era do francês”. Imagine alguém entrar na Red Bull em 2025 e cravar 8 poles seguidas em cima de Verstappen? Seria um assombro, certo? Pois foi o que Senna fez com seu recorde agora igualado com o holandês.
De certa forma, Mônaco pode entrar pela história. Seja por um recorde de mais de 30 anos que a maior lenda da história da F1 fez, seja pela resposta definitiva para a oitava etapa do campeonato de 2024 em que a esperança de ver um Mundial competitivo ainda pode responder pelas cores laranja da McLaren ou vermelha da Ferrari…