Saúde
Plasticidade cerebral não depende apenas dos neurônios
A plasticidade do cérebro é mais complexa do que os cientistas imaginavam
Além dos neurônios
Cientistas descobriram um novo mecanismo de plasticidade cerebral, o modo como nossas conexões nervosas se alteram em resposta a estímulos externos.
A descoberta confirma que os neurônios têm seus papéis, mas não são as únicas células importantes do cérebro – você sabia que só 15% do seu cérebro são neurônios?
Na verdade, é a “cartilagem”, na forma de aglomerados de moléculas de matriz extracelular, chamadas sulfatos de condroitina, localizadas nas células nervosas externas, que desempenha um papel crucial na capacidade do cérebro de adquirir e armazenar informações, moldando-se com a aquisição de novas experiências.
Em 2007, cientistas japoneses descobriram aglomerados de sulfatos de condroitina, de formato circular, espalhados aparentemente aleatoriamente no cérebro. Mais tarde foram descobertas (a) uma associação deles com as células gliais, fortemente reduzidas nos cérebros de pessoas com transtornos psicóticos, e (b) sua composição molecular precisa, quando eles foram então rebatizados para aglomerados CS-6 (sulfato de condroitina-6).
“Primeiro fomos explorar estas estruturas em detalhe, visualizando-as em altíssima resolução. Descobrimos que são essencialmente aglomerados de sinapses revestidos com CS-6 e organizados numa forma geométrica claramente reconhecível. Destacamos então um novo tipo de organização sináptica,” resume a equipe. “Neste ponto, tivemos que usar alguma ‘criatividade experimental’. Com uma combinação de abordagens comportamentais, moleculares e morfológicas refinadas, percebemos que essas conexões encapsuladas em aglomerados CS-6 mudam em resposta à atividade elétrica no cérebro.”
E isso é mais significativo do que parece.
“Este trabalho abre caminho para uma nova maneira de pensar sobre o funcionamento do cérebro. É possível que todas as sinapses formadas em diferentes neurônios dentro de aglomerados CS-6 tenham a capacidade de responder em conjunto a estímulos ambientais específicos e estejam envolvidas em uma função comum nos processos de aprendizagem e memória. Eles parecem representar um novo substrato de integração de informações e formação de associações em nível multicelular,” disse Alexander Dityatev, membro da equipe.