ECONOMIA
Incerteza da economia brasileira volta a crescer em maio, diz FGV
Puxado pelas incertezas no Rio Grande do Sul, IIE-Br bateu recorde no ano
O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) voltou a subir em maio e atingiu o maior patamar desde março de 2023. Nesta segunda-feira (3), a Fundação Getúlio Vargas divulgou uma nova mostra dos seus principais índices.
Segundo os dados apresentados pela instituição, o indicador que mede a incerteza da economia brasileira subiu 6,4 pontos em maio, chegando a 112,9 pontos. Maior patamar desde março do ano passado (116,7 pontos).
Incerteza tem enchentes como destaque
Segundo Anna Carolina Gouveia, economista do FGV/Ibre, os fatores climáticos estão entre os principais motivos para que o IIE-Br voltasse a um nível que não via há 14 meses.
Na visão de Anna Carolina, a quantidade de menções ao Rio Grande do Sul encontradas pela instituição em uma análise de nuvem de palavras de textos sobre incertezas econômicas demonstrou como o acontecimento tende a impactar a economia brasileira.
Para a economista, também existem outras causas para o aumento da incerteza, além das enchentes, como, por exemplo, o ambiente macroeconômico instável que o país vive em meio a desconfianças relacionadas à inflação, expectativa da taxa de juros e receios sobre a economia externa.
Componentes do IIE-Br tiveram altas significativas
O indicador é composto por dois componentes distintos: IIE-Br Mídia e IIE-Br Expectativa. Ambos apresentaram altas significativas, com destaque principalmente para o segundo índice, que pouco vinha impactando nos últimos meses.
O IIE-Br Expectativa é construído com base na média dos principais indicadores de variação dos analistas econômicos, baseando-se principalmente no boletim Focus do Banco Central.
No último mês, o componente registrou uma alta de 11,5 pontos, para 102,3 pontos, ultrapassando os três dígitos pela primeira vez desde outubro do ano passado, contribuindo com 2,6 pontos para a evolução do índice agregado.
Por outro lado, o IIE-Br Mídia, medido com base na frequência de notícias com menção às incertezas econômicas na mídia, registrou uma subida de 4,4 pontos, para 114,2 pontos, também no seu maior nível desde março do ano passado, contribuindo com 3,8 pontos para o índice como um todo.
O resultado fez com que o índice que vinha andando de lado, na faixa dos 110 pontos desde dezembro do ano passado, voltasse a romper essa barreira, entrando em uma zona de incertezas.
“Diante de tantos desafios, é possível que o indicador apresente dificuldades em retornar rapidamente a patamares mais confortáveis, como vinha registrando há quase um ano”, explica Anna Carolina.