Saúde
Estados alterados de consciência são comuns na população em geral
Os efeitos foram positivos para 87% das pessoas, mas algumas não gostaram e sofreram com isso
Estados alterados de consciência
Ioga, atenção plena, meditação, respiração e outras práticas estão ganhando popularidade devido ao seu potencial para melhorar a saúde e o bem-estar.
Os efeitos dessas práticas são em sua maioria positivos e ocasionalmente transformacionais, mas sabe-se que às vezes eles vêm associados com estados alterados de consciência que podem assustar os praticantes inexperientes ou desafiar os profissionais e terapeutas menos preparados.
Mas, ao contrário do que se pensa, esses estados alterados de consciência – associados ou não à prática da meditação – são muito mais comuns do que o esperado, descobriram agora pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts (EUA).
Entre 3.135 adultos nos EUA e no Reino Unido que participaram da pesquisa, 45% relataram ter experimentado estados alterados de consciência induzidos não farmacologicamente pelo menos uma vez na vida. Isto é muito mais do que o esperado porque é muito mais do que a parcela da população que se estima ter praticado a meditação da mente alerta – entre 5% (EUA) e 15% (Reino Unido).
As experiências incluíram desrealização (a sensação de estar separado do ambiente), experiências unitivas (uma sensação de unidade), emoções extáticas, percepções vívidas, mudanças na percepção do próprio tamanho, calor ou eletricidade corporal, experiências fora do corpo e percepção de luzes não físicas.
“Os estados alterados foram mais frequentemente seguidos por efeitos positivos e, por vezes, até transformacionais no bem-estar,” disse o Dr. Matthew Sacchet, coordenador da pesquisa. “Dito isso, efeitos negativos no bem-estar também foram relatados em alguns casos, com um pequeno subconjunto de indivíduos relatando sofrimento substancial.”
Até agora, as preocupações se concentravam nas terapias com alucinógenos.
Positivo e negativo
Os entrevistados relataram uma mistura de efeitos positivos e negativos após os estados alterados, com 13% alegando sofrimento moderado ou sério e 1,1% alegando sofrimento com risco de vida. Dos que vivenciaram sofrimento, 63% não procuraram ajuda.
“Em vez de ser extremamente incomum e raro, nosso estudo descobriu que estados alterados de consciência são uma variante comum da experiência humana normal,” disse Sacchet. “No entanto, descobrimos que aqueles que experimentam resultados negativos relacionados com esses estados alterados muitas vezes não procuram ajuda, e que os médicos estão mal preparados para reconhecer ou apoiar este tipo de experiência. Isto contribui para o que pode ser considerado um problema de saúde pública, pois uma certa proporção de pessoas tem dificuldade em integrar suas experiências de estados alterados em suas concepções existentes de si mesmo e da realidade.”
A recomendação da equipe é que sejam feitas mais pesquisas para estudar a suscetibilidade das pessoas aos estados alterados de consciência, seguidos de treinamento dos profissionais de saúde, que devem estar preparados para lidar com uma questão que é mais comum do que se imaginava.