Politíca
Decepcionada com “pesquisa de Cartaxo”, Cida Ramos dá um “tchau, tchau” ao PT e manda dura recado: “Estou fora”
Por Roberto Tomé
Desde o início do processo interno para escolha do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à prefeitura de João Pessoa, a deputada estadual Cida Ramos tem insistido na importância de seguir as regras estabelecidas pelo partido. A sua posição firme indica uma tentativa de evitar a repetição do cenário de 2022, quando a direção nacional do PT impôs o nome do ex-governador Ricardo Coutinho, contrariando a vontade da base local do partido. A história se repetiu com desfechos negativos bem conhecidos.
Recentemente, a deputada Cida Ramos viu sua expectativa de um processo justo ser frustrada novamente. A direção nacional do PT optou por permitir que o deputado Luciano Cartaxo retornasse ao processo eleitoral interno, mesmo após ele ter desistido das prévias. Este movimento levantou questionamentos sobre a igualdade de tratamento no partido, especialmente considerando que a decisão parece favorecer Cartaxo em detrimento de Ramos.
A preferência da cúpula nacional por Cartaxo se manifestou claramente quando o PT decidiu substituir as prévias por uma pesquisa eleitoral como critério de escolha do candidato. As prévias eram vistas como um instrumento mais favorável a Ramos, enquanto a pesquisa eleitoral favorece Cartaxo. As pesquisas divulgadas até agora confirmam essa vantagem de Cartaxo nas intenções de voto.
Diante desse cenário desfavorável, Cida Ramos decidiu se posicionar contundentemente. Primeiramente, divulgou uma carta pública detalhando sua insatisfação com os rumos tomados pelo PT e a condução do processo de escolha do candidato. No documento, Ramos expressa sua frustração com a mudança de critérios e a falta de consideração pela militância e as regras previamente estabelecidas.
Em entrevista a um blog local, Cida Ramos resumiu sua indignação com o partido que defendeu por tantos anos. “Lutei a vida inteira por democracia. Não posso agora aceitar tudo isso e jogar meu passado no lixo. Tô fora!”, declarou a deputada, indicando sua decisão de não participar mais do processo eleitoral de 2024 para a prefeitura de João Pessoa.
A saída de Cida Ramos do processo interno do PT representa um golpe significativo para o partido, especialmente em um momento em que a unidade e a coesão são essenciais para enfrentar as próximas eleições. A insatisfação de Ramos não é apenas um reflexo de sua experiência pessoal, mas também uma crítica ao tratamento desigual no partido e à forma como as decisões são tomadas pela direção nacional.
Embora não tenha explicitado todos os seus próximos passos, Cida Ramos deixou claro que não estará ao lado do PT na campanha para a prefeitura de João Pessoa em 2024. Sua declaração “Tô fora!” e a expressão de que não se pode contar com ela para a campanha são indicativos de um distanciamento significativo do partido.
Na melhor das hipóteses para Ramos, essa decisão marca um “tchau, tchau” ao PT, pelo menos até as eleições gerais de 2026. Resta saber se Ramos buscará uma nova afiliação partidária ou se manterá uma posição independente no cenário político paraibano.
A situação envolvendo Cida Ramos e o PT é emblemática de como as disputas internas e as decisões da cúpula partidária podem impactar a coesão e a unidade de um partido. A insatisfação de Ramos e sua decisão de se afastar do processo eleitoral refletem a complexidade e os desafios enfrentados pelo PT em manter a confiança e o apoio de seus membros, especialmente em momentos críticos de definição política. O desfecho dessa situação terá implicações importantes para as eleições municipais de 2024 e para a configuração política em João Pessoa nos próximos anos.