Nacional
Elmar Nascimento ganha apoios na esquerda e desponta como favorito na sucessão de Lira
Expectativa é que PDT faça primeiro anúncio formal de respaldo à candidatura do deputado baiano do União Brasil

Nome favorito de Arthur Lira (PP-AL) para sucedê-lo na presidência da Câmara dos Deputados, o deputado Elmar Nascimento, líder do União Brasil, vem atuando forte nos bastidores e conquistando apoios importantes entre deputados, o que o coloca em uma posição de favorito no cenário. Nesta quarta-feira, o PDT deve ser a primeira sigla da esquerda a formalizar o apoio ao nome do deputado da Bahia na disputa. O parlamentar já trabalha com uma série de outras adesões ainda não formalizadas no campo da esquerda, que dá suporte ao governo ao Lula.
Além da legenda brizolista, Elmar já emplacou o apoio de parte do PSB, sob a liderança de João Campos, em Pernambuco. Isso abre caminho para uma adesão formal do partido nos próximos meses, segundo o relato de deputados da bancada.
O avanço no arco da esquerda torna ainda mais difícil o cenário para o governo, que teme uma consolidação do nome do deputado antes do desfecho da eleição municipal. Essa é uma possibilidade concreta, tanto que se espera também que Lira discuta o assunto com o presidente Lula até agosto.
A largada do líder do União Brasil na disputa lembra o roteiro da primeira eleição de Lira ao comando da Câmara, em 2021. Na ocasião, o deputado alagoano soube construir a adesão das legendas de esquerda como PCdoB, PSB e PDT. O então presidente da Casa, Rodrigo Maia, até ensaiou um movimento de reversão negociando diretamente com a cúpula dos partidos, mas a estratégia se revelou equivocada e ineficaz porque Lira soube construir a adesão pelas bancadas desses partidos.
Desde o ano passado, Elmar tem viajado o Brasil em campanha e em busca de uma aproximação direta com os deputados. A intensificação dessa articulação nos últimos dias também responde a movimentações de candidaturas alternativas e também tenta neutralizar a estratégia que parte do centro político tentava construir de uma candidatura de consenso do líder do Republicanos, Hugo Motta, que substituiria Marcos Pereira na disputa do comando da Casa.
Também contribui para os avanços de Elmar a leitura da Câmara de que o parlamentar seria apadrinhado por Lira, com quem mostrou bastante proximidade nos eventos em Lisboa promovido pelo ministro do STF, Gilmar Mendes.
Apesar de o presidente da Câmara nunca ter indicado publicamente a preferência na disputa, ele passa indiretamente a mensagem de que o candidato do União Brasil deve preservar o modus operandi do atual mandatário, com uma Câmara protagonista da agenda do país e defensora do alargamento do papel do Legislativo via emendas parlamentares.
Embora o governo mantenha o discurso de que não vai interferir na disputa interna, o cenário Elmar assusta, diante do temor de avanço de pautas na contramão do Planalto e mais dificuldade em avanço de temas econômicos. Até porque o favoritismo de Elmar vem se consolidando com a adesão do PL de Jair Bolsonaro, que prometeu caminhar com Lira na disputa.
A cúpula do PT, inclusive, foi alertada por parlamentares do MDB e Republicanos, nos últimos dias, de que o governo deveria se organizar com urgência para tentar interferir no cenário, impedindo uma derrota antecipada no pleito interno.
Essa ala entende que PSD, MDB, Republicanos, alinhado aos partidos de esquerda, teriam potencial de patrocinar uma candidatura única que pudesse vencer a disputa.
Isso implicaria, no entanto, em tentar arrastar a definição da candidatura para o fim do ano — tudo o que Lira quer evitar. O presidente da Câmara deve ter uma nova conversa com Lula entre agosto e setembro sobre o assunto. A meta do mandatário é viabilizar uma candidatura única, que coloque do mesmo lado do PT ao PL. O avanço de Elmar pela direita e pela esquerda na Câmara, portanto, pode fazer Lira chegar ao próximo encontro no Planalto com poder condições para resolver algo.