Esporte
F1 estuda “caixa de brita colada” à Zandvoort como solução para impor limites de pista
Uma das principais causas de reclamação no grid da Fórmula 1 nos últimos anos tem sido os limites de pista. Após distribuir 12 punições para oito pilotos por violações no GP da Áustria de 2023, a FIA implementou novas caixas de brita no Red Bull Ring para evitar vantagem ao infrator e diminuir a quantidade de sanções. No entanto, a categoria quer ir além e estuda instalar novos tipos de cascalho nos circuitos.
A inspiração para o modelo planejado está em Zandvoort, casa do GP dos Países Baixos. De olho no que foi feito por lá nos últimos anos, a Fórmula 1 considera utilizar a caixa de brita colada nos circuitos do calendário. O autódromo holandês voltou ao Mundial em 2021 e introduziu a novidade na temporada seguinte como forma de evitar que pedras entrem na linha de corrida, danifiquem os carros e gerem bandeiras vermelhas.
Simone Berra, engenheiro-chefe da Pirelli, defendeu a ideia da caixa de brita falsa e adiantou que as equipes e a FIA já debatem a implementação.
“Achamos que ir na direção de melhorar a caixa de brita é o correto para os limites de pista. Provavelmente a melhor solução é fazer algo como o que temos em Zandvoort, onde passam cola nas caixas de brita. E isso é algo que as equipes estão falando com a FIA e a FIA está falando com as equipes. Poderia ser uma boa solução, porque você não traz detritos para o trilho principal”, disse.
“Não sei se iremos nessa direção, mas pode ser uma possível introdução no futuro. De qualquer forma, a FIA vai introduzir caixas de brita com mais frequência no futuro, porque está funcionando, honestamente, e faz sentido. É uma solução que temos disponível e que devemos considerar, porque evita que a brita entre na pista e ainda desacelera os carros”, analisou.
Porém, a sugestão não é unânime entre os dirigentes da Pirelli. Mario Isola, diretor-esportivo da Pirelli, entende que cada circuito tem de ser pensado isoladamente. Além disso, o italiano também falou sobre usar zebras altas para limitar a pista, mas lembrou um problema enfrentado em Lusail.
No GP do Catar da temporada passada, pilotos reclamaram de danos causados aos pneus pelas zebras altas situadas no circuito. “Obviamente a brita tem alguns prós e contras, bem como as zebras, porque se usarmos algumas muito altas para obrigar os pilotos a respeitar os limites da pista, arriscamos danificar pneus como aconteceu no Catar. Depende do tempo que você passa na zebra, da velocidade, da carga. Mas há esse potencial problema”, comentou.
“Por outro lado, com a brita, você desacelera o carro se passar ali. Mas há o risco de jogar pedras na pista. Tivemos alguns cortes na Áustria. Não eram muito profundos, cortavam a banda de rodagem, mas não tocavam na estrutura. Portanto, não vimos nenhum problema com a integridade do pneu ou com a durabilidade. Mas precisamos manter isso monitorado, porque pode acontecer de você ter um corte que danifique. Pedaços de carbono são mais perigosos que pedras, mas isso não significa que não devemos considerar e monitorar a situação com as pedras”, concluiu.
A Fórmula 1 volta às pistas entre os dias 19 e 21 de julho para o GP da Hungria, no Hungaroring.