Nacional
Comentário machista de Lula gera polêmica ao relacionar torcedores Corintianos e violência contra as Mulheres
A declaração do presidente foi dada durante reunião no Palácio do Planalto
Por Roberto Tomé
Em uma declaração que gerou uma onda de críticas e reações imediatas, Lula comentou de maneira machista, que torcedores corintianos podem bater em mulheres, enquanto discutia uma pesquisa sobre o aumento da violência contra a mulher após jogos de futebol. O comentário foi feito durante uma reunião no Palácio do Planalto, que contava com a presença de representantes da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), diversas indústrias do setor de alimentos e bebidas, ministros de Estado e representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Lula começou sua fala destacando a pesquisa que revela um aumento na violência doméstica após os jogos de futebol. “Hoje [terça-feira], eu fiquei sabendo de uma notícia triste, eu fiquei sabendo que tem pesquisa, Haddad, que mostra que após jogo de futebol, aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corintiano, tudo bem. Mas eu não fico nervoso quando perco, eu lamento profundamente”, disse o Lula. O comentário sobre os corintianos foi puramente machista, insinuando que a violência doméstica poderia ser justificada pela paixão pelo time de futebol.
A repercussão foi imediata. Diversos movimentos feministas e de direitos humanos criticaram a fala de Lula, apontando que ela minimiza a gravidade da violência contra a mulher e perpetua estereótipos prejudiciais. “É inaceitável que um presidente faça comentários que possam ser interpretados como desculpa ou justificativa para a violência doméstica”, afirmou Maria da Penha, ativista pelos direitos das mulheres.
Durante a mesma reunião, Lula tentou mostrar-se favorável à participação feminina na política e nos altos cargos governamentais, mencionando sua esposa, Janja, que frequentemente o pressiona por uma maior representação de mulheres em eventos e reuniões. “Sabe, é um marco histórico (…) eu nunca fiz uma reunião com tantas mulheres aqui dentro. Eu fico feliz porque a Janja vive me cobrando que quando tira uma fotografia e percebe que na mesa só tem homem, ela chega a casa e me cobra: ‘cadê as mulheres, cadê as mulheres? ‘. Então, esse é um dado concreto que nós temos que levar em conta”, declarou.
Contudo, a tentativa de destacar o papel das mulheres acabou ofuscada pelo comentário infeliz. Em uma era onde a violência contra a mulher é uma das questões mais críticas e urgentes a ser enfrentada, qualquer declaração que possa ser vista como trivialização ou normalização do problema é recebida com severa censura. Dados recentes mostram que o Brasil ainda enfrenta uma alta taxa de feminicídios e agressões domésticas, e líderes políticos são constantemente chamados a responsabilidade para promover mudanças culturais e legais significativas.
Em resposta às críticas, a assessoria de Lula emitiu uma nota afirmando que o presidente não tinha a intenção de minimizar a violência contra a mulher e que seu comentário foi tirado de contexto. “O presidente Lula lamenta profundamente qualquer mal-entendido causado por suas palavras e reafirma seu compromisso com a luta contra a violência doméstica e a promoção dos direitos das mulheres”, dizia a nota.
No entanto, para muitos, o dano já estava feito. A expectativa agora é que Lula e seu governo redobrem os esforços para enfrentar a violência contra a mulher de maneira concreta e eficaz, evitando qualquer tipo de discurso que possa ser interpretado como tolerância à violência.
Este incidente destaca a importância das palavras e da responsabilidade dos líderes em suas declarações públicas. Em um país onde a violência contra a mulher é uma realidade brutal para muitas, o discurso presidencial deve ser um exemplo de respeito e compromisso com a igualdade de gênero e a justiça social. As reações ao comentário de Lula mostram que a sociedade está cada vez mais vigilante e intolerante a qualquer forma de machismo, exigindo ações reais e concretas para a proteção e valorização das mulheres.
Agora imaginem se, por acaso, o Presidente Bolsonaro tivesse falado, o que aconteceria nos meios das feministas, políticas da esquerda e da imprensa brasileira?