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PT endossa golpe de Maduro: é isso que querem para o Brasil?
Por Roberto Tomé
A recente nota oficial do Partido dos Trabalhadores (PT) expressando apoio ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela levantou sérias questões sobre as intenções e diretrizes do partido no Brasil. Publicada na noite da última segunda-feira (29), a nota representa uma escolha consciente que nos permite imaginar que este modelo de governança autoritária possa ser pretendido para o próprio Brasil.
Há momentos históricos em que escolher o “lado correto” pode ser difícil, ou pelo menos duvidoso, diante do contexto dos fatos. Historicamente, podemos comparar esta situação à complacência do povo alemão durante o regime nazista. O holocausto, um dos maiores crimes contra a humanidade, foi possibilitado por uma máquina de propaganda opressiva e métodos brutais de controle social. A resistência individual torna-se quase impossível quando a ameaça de violência está sempre presente.
É importante contextualizar e refletir sobre essas situações, não para justificar, mas para compreender como coletivamente, as escolhas e submissões individuais podem levar à formação de regimes opressivos. A escravidão, outro crime histórico de proporções inimagináveis, também seguiu um padrão de opressão e subjugação que é difícil de compreender hoje, mas que fazia parte da realidade dos impérios guerreiros desde a antiguidade.
A mais recente eleição de Nicolás Maduro foi amplamente criticada e rejeitada por líderes e nações democráticas ao redor do mundo. A tecnologia moderna permite uma transparência sem precedentes, com informações, vídeos e fotos sendo transmitidos e verificados quase instantaneamente. Nesse contexto, reconhecer e apoiar o regime de Maduro é uma escolha consciente e deliberada.
A nota do PT vai além de um simples apoio, ela representa uma clara manifestação de como o partido entende a democracia. Isso nos leva a questionar se este é o modelo de governança que o PT deseja programar no Brasil. Historicamente, o PT não toma decisões significativas sem a anuência de seu líder máximo, o Lula.
Os atos de vandalismo em Brasília, em 8 de janeiro de 2023, foram amplamente atribuídos à retórica antidemocrática do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Embora muitos dos envolvidos possam ter agido mais por protesto do que por uma tentativa real de golpe de Estado, a gravidade dos eventos não pode ser subestimada. O PT se posicionou fortemente contra esses atos, mas sua recente nota de apoio a Maduro levanta dúvidas sobre a sinceridade desse posicionamento.
Desconsiderar a gravidade dos eventos de 8 de janeiro e chamá-los de mera manifestação equivale a não reconhecer os princípios fundamentais da democracia e do processo eleitoral. A contradição entre a condenação dos atos antidemocráticos no Brasil e o apoio a um regime autoritário na Venezuela é clara e preocupante.
A nota oficial do PT endossando o governo de Nicolás Maduro na Venezuela revela muito sobre as prioridades e intenções do partido. Em um momento em que a escolha do “lado correto” é mais clara do que nunca, a decisão do PT de apoiar um regime amplamente criticado por suas práticas antidemocráticas sugere uma visão preocupante para o futuro do Brasil. A sociedade brasileira deve estar atenta e questionar se este é realmente o modelo de governança que deseja para seu país. A discussão e o debate são essenciais para garantir que a democracia e a liberdade sejam preservadas.
Leia a íntegra da nota do PT, partido de Lula, que declara apoio ao ditador Nicolás Maduro:
“O PT saúda o povo venezuelano pelo processo eleitoral ocorrido no domingo, dia 28 de julho de 2024, em uma jornada importante, democrática e soberana. Temos a certeza de que o Conselho Nacional Eleitoral, que anunciou a vitória do presidente Nicolás Maduro, dará tratamento respeitoso a todos os recursos que receber, nos prazos e termos previstos na Constituição da República Bolivariana da Venezuela. É fundamental que o presidente Nicolás Maduro, agora reeleito, mantenha o diálogo com a oposição, buscando superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais. O PT seguirá vigilante para contribuir, na medida de suas forças, para que os problemas da América Latina e do Caribe sejam resolvidos pelos povos da nossa região, sem qualquer tipo de violência ou interferência externa.
Executiva Nacional do PT.”