Segurança Pública
Servidores da Abin criticam indicação de novo corregedor ligado a Moraes
Intelis critica a falta de experiência do delegado federal Chuy em “matéria correcional e em legislação afeita à Inteligência de Estado”, que a indicação aparenta violar o princípio da impessoalidade

A União dos Profissionais de Inteligência de Estado da ABIN (Intelis) expressou na última quarta-feira (31/07) sua indignação com a indicação do delegado federal José Fernando Moraes Chuy para o cargo de Corregedor-Geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
“Causa estranheza a atual Corregedora ser retirada do cargo a que poderia ser reconduzida quando as autoridades que possuem investigação em curso sobre a estrutura paralela que parasitou a Abin expressam a total cooperação da corregedoria do órgão no caso”, afirma a nota divulgada pela Intelis.
Chuy, que não faz parte do quadro de pessoal da Abin, é delegado da Polícia Federal (PF). O delegado Chuy chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a presidência do ministro Alexandre de Moraes (STF), que assina o prefácio de seu livro sobre a Operação Hashtag lançado em 2018.
Além de ser próximo ao ministro do STF Alexandre de Moraes, a resistência dos servidores da Abin, remete ao lançamento do mesmo livro “Operação Hashtag – A primeira condenação de terroristas islâmicos na América Latina”. Na visão dos servidores da agência, o delegado minimizou a atuação da Abin no episódio, atribuindo a PF partes importantes da operação quena verdade foram operadas pela Abin na época.
Na nota, a Intelis ressalta que “além de ser mais um inequívoco sinal de desprestígio aos servidores da Abin por parte de sua Direção-Geral, uma vez que a agência possui em seus quadros servidores aptos a ocupar a função, trata-se de um claro conflito de interesses, uma vez que o indicado é policial federal e oficial da reserva do Exército, e a 4ª fase da Operação Última Milha aponta policiais federais e um militar como figuras-chave do esquema”.
A Intelis também critica a falta de experiência do delegado federal Chuy em “matéria correcional e em legislação afeita à Inteligência de Estado”, e afirma que a indicação aparenta violar o princípio da impessoalidade. “Em demonstração de que não temos um controle justo e bem feito, mas sim eventuais desvios de finalidade, perseguições ou parcialidade, caso a Direção-Geral do órgão realmente não vislumbre servidor orgânico da Abin apto a assumir o posto, solicitamos que seja indicado um servidor orgânico da CGU (Controladoria-Geral da União) para a função”, conclui a nota.