Nacional
Elmar e Kassab se unem para barrar Hugo Motta na disputa pela Presidência da Câmara
Por Roberto Tomé
A disputa pela presidência da Câmara dos Deputados tem se tornado cada vez mais acirrada e estratégica. Na noite da última quarta-feira, 4 de setembro de 2024, o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) se encontrou com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, em São Paulo. O objetivo da reunião foi traçar um plano para resistir à crescente influência do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que surgiu como um novo candidato ao comando da Casa, apoiado por seu partido.
Elmar Nascimento, que já estava no páreo para a presidência da Câmara, e Antonio Brito (PSD-BA), candidato que conta com o suporte de Kassab, decidiram manter suas candidaturas, apesar da pressão de outras forças políticas. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem buscado um nome que unifique o apoio de vários partidos, mas a entrada de Hugo Motta na disputa complicou ainda mais o cenário. A continuidade das candidaturas de Elmar e Brito não só mantém a competição acirrada, mas também dificulta qualquer tentativa de acordo para um nome consensual.
Arthur Lira, que havia prometido anunciar seu candidato até o final de agosto, se vê agora em uma posição delicada, sem conseguir oficializar um nome devido à falta de consenso. Elmar Nascimento, que antes era o favorito para ser o escolhido, enfrenta resistências significativas, especialmente do governo federal. Isso se deve ao fato de que Elmar é adversário político do PT na Bahia, estado governado por Rui Costa, ministro da Casa Civil e aliado de Lula.
O presidente Lula, por sua vez, enfrenta um dilema. Se optar por apoiar Hugo Motta, terá que fazê-lo de forma aberta, contrariando sua posição inicial de não interferir na eleição interna da Câmara. Essa situação coloca tanto o governo quanto Lira em uma posição de incerteza, com a disputa se desenrolando de maneira imprevisível.
Para complicar ainda mais o cenário, a expectativa é que Elmar e Brito registrem suas candidaturas e avancem para os turnos seguintes da eleição. Isso poderia criar obstáculos para Hugo Motta, especialmente considerando que o Partido Liberal (PL), maior bancada da Câmara, com 92 deputados, já demonstrou resistência aos Republicanos, partido de Motta. Essa rejeição pode prejudicar as chances do líder do Republicanos, refletindo a falta de apoio que anteriormente havia sido destinado a Marcos Pereira, presidente do partido.
Nos últimos dias, as negociações em torno da presidência da Câmara se intensificaram. Na terça-feira, 3 de setembro, Marcos Pereira, presidente do Republicanos, comunicou ao presidente Lula sua desistência da disputa, indicando Hugo Motta como seu sucessor na corrida pela presidência. Essa decisão reposicionou Motta como o novo favorito para suceder Arthur Lira.
O movimento de Marcos Pereira ocorreu após Gilberto Kassab resistir a seu pedido de retirar a candidatura de Antonio Brito e apoiar o nome de Hugo Motta. Essa resistência de Kassab aumentou a competitividade do processo, deixando o cenário ainda mais incerto.
Diante desse novo quadro, Elmar Nascimento buscou apoio junto a Jair Bolsonaro e Arthur Lira, no dia seguinte, 4 de setembro, em uma tentativa de fortalecer sua candidatura. Enquanto isso, Lira voltou a discutir o cenário com o presidente Lula, mas ambos ainda não conseguiram chegar a um consenso sobre o melhor caminho a seguir.
O desenrolar dessa disputa pela presidência da Câmara continua sendo acompanhado de perto, com as negociações e alianças mudando a todo o momento. O resultado, ainda incerto, promete ser uma batalha estratégica que poderá moldar o futuro político do Brasil nos próximos anos.