CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Eleições 2024: inteligência artificial revoluciona campanhas eleitorais no Brasil
As eleições de 2024 marcam um divisor de águas no Brasil, sendo as primeiras a contar com uma norma específica para o uso de inteligência artificial (IA) em campanhas eleitorais. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), visando maior transparência, publicou em fevereiro uma resolução determinando que qualquer candidato que utilize IA na produção de propaganda eleitoral deve informar de maneira clara, destacada e acessível que o conteúdo foi manipulado ou fabricado por meio dessa tecnologia.
No entanto, apesar dessa nova exigência, o uso da IA continua em fase inicial no cenário político brasileiro. Desde o início de agosto, apenas um pequeno número de candidaturas sinalizou a utilização da tecnologia. Conforme os dados mais recentes:
– Menos de 200 anúncios (198, especificamente) nas plataformas da Meta foram pagos por 83 candidatos, todos contendo a sinalização obrigatória de uso de IA.
– O uso mais comum da IA foi para a produção de músicas para a campanha, incluindo jingles e melodias para vídeos, prática adotada por 47 candidatos.
– Em segundo lugar, nove candidatos utilizaram a tecnologia para a locução de vozes em 17 anúncios, criando discursos com vozes artificiais para seus materiais audiovisuais.
– Sete outros candidatos usaram IA para edição de vídeos ou imagens em 18 anúncios.
A integração da IA nas campanhas eleitorais ganhou destaque com o uso de ferramentas como o aplicativo Suno, que permite a criação gratuita de até três músicas. Em um dos exemplos mais notáveis, candidatos usaram comentários positivos de seus seguidores no Instagram para gerar músicas personalizadas. Esse conteúdo, posteriormente, foi incorporado em dois anúncios nas redes sociais, com a devida sinalização sobre a criação via IA.
Essa inovação, inicialmente vista como uma “brincadeira”, rapidamente se transformou em tendência, mostrando o potencial da IA em criar conteúdos criativos e envolventes, o que pode atrair a atenção de eleitores mais jovens e conectados ao mundo digital.
Embora o uso de IA nas campanhas ainda seja tímido, é inegável que essa tecnologia tem o poder de transformar como os candidatos se comunicam com o público. A exigência do TSE de sinalização é fundamental para garantir que o eleitor saiba quando está consumindo conteúdo manipulado por IA, preservando a integridade do processo eleitoral. Contudo, a adesão ainda limitada a essa prática levanta questionamentos sobre o entendimento dos candidatos em relação ao potencial da IA e sobre como as regras serão aplicadas no futuro.
À medida que o Brasil avança no uso de novas tecnologias em campanhas eleitorais, é importante observar como a inteligência artificial poderá moldar não apenas o marketing político, mas também o comportamento do eleitorado. Ferramentas como a IA podem ajudar candidatos a personalizar ainda mais suas mensagens, criando conexões mais profundas e segmentadas com seus eleitores.
Com o fim do primeiro turno se aproximando, fica claro que estamos apenas no início de uma nova era nas campanhas eleitorais. A IA, mesmo que ainda subutilizada, promete trazer grandes mudanças nas próximas eleições, com potencial para se tornar uma ferramenta essencial na disputa por votos.