Internacional
Presidente da Comissão de Inquérito sobre Síria fala sobre efeitos do conflito em Gaza
Paulo Sérgio Pinheiro diz que confrontos em Gaza levaram pelo menos 300 mil sírios refugiados no Líbano a retornarem para casa; ele alertou sobre a situação de 29 mil crianças que estão no nordeste da Síria há mais de seis anos sem contato com suas famílias e disse que o conflito só será resolvido pela diplomacia
O conflito na Síria pode ter saído das manchetes de jornais após o início dos confrontos entre o movimento islâmico Hamas e as forças de Israel, mas a situação dos sírios que fogem da violência continua grave.
O alerta é do presidente da Comissão de Inquérito sobre a Síria, Paulo Sérgio Pinheiro. Ele está em Nova Iorque com um grupo de relatores de direitos humanos para participar de reuniões na Assembleia Geral.
Maioria dos que sofrem são meninas e mulheres
Nesta entrevista à ONU News, Pinheiro afirmou que o conflito em Gaza afeta diretamente a situação na Síria e dos sírios que se refugiaram em países vizinhos.
“A última consequência do ataque de Israel em Gaza, depois do 7 de outubro (de 2023), foi o retorno de mais de 300 mil sírios que resolveram voltar do Líbano. De uma certa maneira, até o governo sírio teve uma medida simpática de suspender o pagamento de US$ 100 para cada cidadão que voltasse à Síria. Houve também uma abertura para o Alto Comissariado de Refugiados em termos de acompanhar esse regresso. Mas o grande problema é que entre esses 300 mil, a maioria é de mulheres e crianças.”
Famílias sírias e libanesas, que fugiram da escalada da violência no Líbano, chegam à Síria
Conflito começou após protestos da Primavera Árabe
Paulo Sérgio Pinheiro voltou a apelar pelo fim do conflito na Síria e disse que os países com influência na região devem se esforçar para acabar com a guerra, que começou em 2011 após protestos populares pela democracia durante a chamada Primavera Árabe. Para Pinheiro, a saída não é militar e a necessidade de um cessar-fogo é urgente.
“Então eu acho que o principal problema é que os países envolvidos continuam acreditando numa solução militar. Estou repetindo isso há 12 anos. Não há decisão militar para a crise política. A única decisão tem que ser uma decisão diplomática acordada.”
Pinheiro afirmou que “a população não aguenta mais dada a situação econômica, a situação humanitária” que o país atravessa há mais de 13 anos.