Saúde
Aparelho portátil usa som para fazer exame à beira do leito
Exame usando som
Há décadas os cientistas tentam lidar com um dos maiores entraves a um atendimento médico pronto e eficaz: Os pacientes vão ao médico, mas daí precisam ir ao laboratório, coletar uma amostra de sangue ou outro fluido corporal, esperar horas ou dias pelo resultados e só então voltarem ao médico para obter um diagnóstico.
Cooper Thome e colegas da Universidade do Colorado (EUA) esperam mudar isso com um novo sistema de diagnóstico portátil, baseado em som, capaz de fornecer resultados precisos em uma hora com apenas uma picada no dedo.
A equipe reconhece que hoje existe um grande ceticismo no campo dos biossensores, que tomou forma com a falência da empresa de exames de sangue Theranos, que prometeu em 2015 detectar centenas de biomarcadores com uma gota de sangue. Contudo, segundo eles, diferentemente daquela empresa emergente, sua invenção funciona de forma diferente e é baseada em experimentos sistemáticos e pesquisas revisadas por pares.
“Embora o que eles alegaram fazer não seja possível hoje, muitos pesquisadores esperam que algo semelhante seja possível um dia,” disse Thome. “Este trabalho pode ser um passo em direção a esse objetivo – mas um que é apoiado pela ciência que qualquer um pode acessar.”
Na verdade, há todo um campo de pesquisas nesta área, conhecida como teranóstica, uma junção de terapia e diagnóstico.
É uma técnica totalmente nova de fazer exames.
Pipeta acústica
A nova invenção tem seu ingrediente secreto: Pequenas partículas que a equipe chama de “partículas de contraste acústico negativo funcional” (fNACPs). E a medição é feita por um instrumento portátil personalizado, uma espécie de “pipeta acústica”, que envia ondas sonoras para as amostras de sangue e detecta o que há nessas amostras.
Thome projetou os fNACPs – essencialmente bolinhas de borracha do tamanho de uma célula – de modo que elas possam ser personalizadas com revestimentos funcionais, para que reconheçam e capturem um biomarcador específico, como um vírus infeccioso ou uma proteína. As partículas então passam a refletir as ondas sonoras de modo diferente das células sanguíneas, e a pipeta acústica tira proveito dessas diferenças.
Quando uma pequena quantidade de sangue é misturada com as partículas e colocada dentro da pipeta, as ondas sonoras forçam as partículas para o lado de uma câmara, onde elas ficam presas enquanto o resto do sangue é descartado. Os biomarcadores restantes, anexados às partículas, são então rotulados com marcadores fluorescentes e iluminados por laser para determinar a incidência e a quantidade presente de cada biomarcador.
“Nós demonstramos que este sistema de pipeta e partícula pode oferecer a mesma sensibilidade e especificidade que um teste clínico padrão-ouro, mas dentro de um instrumento que simplifica radicalmente os fluxos de trabalho,” disse o professor Wyatt Shields. “Ele nos dá o potencial de realizar diagnósticos de sangue diretamente na cabeceira do paciente.”