Nacional
Explosões lembram mais caso Adélio do que 8 de janeiro
Apesar de tudo sugerir que se tratou do ato de um homem descontrolado, os efeitos políticos da ação em frente ao STF já se delinearam, e não são nada favoráveis a Jair Bolsonaro
Por Rodolfo Borges
É jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB), com passagem pela Columbia University, em Nova York. Aluno do Curso Abril 2007, passou por postos de reportagem, edição e coordenação em Correio Braziliense, IstoÉ Dinheiro, portal R7 e El País Brasil antes de se unir à equipe de O Antagonista, em 2022, na qual atua como coordenador de reportagem. Assina uma coluna literária de esportes em Crusoé.
É jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB), com passagem pela Columbia University, em Nova York. Aluno do Curso Abril 2007, passou por postos de reportagem, edição e coordenação em Correio Braziliense, IstoÉ Dinheiro, portal R7 e El País Brasil antes de se unir à equipe de O Antagonista, em 2022, na qual atua como coordenador de reportagem. Assina uma coluna literária de esportes em Crusoé.
O paralelo com os atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023 é inevitável. Um homem atirou explosivos contra o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) após falar, em mensagens, em “iniciar uma revolução” e “comemorar a verdadeira proclamação da república!!!”.
A ação reforçou claramente os receios dos ministros do STF, que começaram em 2019 a se proteger formalmente do que consideram ataques à Corte, com a abertura do inquérito das fake news, e condenaram dezenas de pessoas a mais de 15 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado após a invasão das sedes dos três Poderes.
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, já abriu a porta para incluir essas explosões no inquérito sobre o 8 de janeiro, e a investigação sobre o ato de Tiü França, como se apresentava Francisco Wanderley Luiz, já está sob a tutela de Alexandre de Moraes, o responsável por todos os inquéritos abertos em autodefesa pelo próprio STF.
“Contexto”
Moraes foi bem claro, até mais do que deveria como relator do caso, sobre como interpreta a questão: “Não existe possibilidade de pacificação com anistia a criminosos”. O ministro falou em “contexto” ao dizer que não é possível tratar desse tema como ato isolado.
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, disse que “o Brasil foi dormir preocupado” na quarta-feira que os cidadãos brasileiros acordaram “ocupados em manter as nossas funções para garantia de continuidade estável, segura e contínua das instituições democráticas”.
O paralelo com os atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023 é inevitável. Um homem atirou explosivos contra o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) após falar, em mensagens, em “iniciar uma revolução” e “comemorar a verdadeira proclamação da república!!!”.
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, já abriu a porta para incluir essas explosões no inquérito sobre o 8 de janeiro, e a investigação sobre o ato de Tiü França, como se apresentava Francisco Wanderley Luiz, já está sob a tutela de Alexandre de Moraes, o responsável por todos os inquéritos abertos em autodefesa pelo próprio STF.
“Contexto”
Moraes foi bem claro, até mais do que deveria como relator do caso, sobre como interpreta a questão: “Não existe possibilidade de pacificação com anistia a criminosos”. O ministro falou em “contexto” ao dizer que não é possível tratar desse tema como ato isolado.
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, disse que “o Brasil foi dormir preocupado” na quarta-feira que os cidadãos brasileiros acordaram “ocupados em manter as nossas funções para garantia de continuidade estável, segura e contínua das instituições democráticas”.
Adélio
Ao que tudo indica até agora, contudo, a ação suicida de Tiü França, que, como mostra vídeo que registrou a ação, deitou-se ao lado de um explosivo após perpetrar seu ataque, assemelha-se bem mais à de Adélio Bispo, o homem que esfaqueou Jair Bolsonaro em Juiz de Fora (MG) durante a campanha presidencial de 2018.
O deputado federal Jorge Goetten (Republicanos-SC) disse a O Antagonista que Francisco pareceu “abalado emocionalmente” nas últimas vezes em que os dois tiveram contato. “O filho dele falou até que ele se distanciou um pouco da família. Depois da separação, ele não estava bem”, comentou, em referência à separação da mulher.
Adélio foi condenado em um processo criminal pela facada, mas foi considerado inimputável devido a transtorno mental. Apesar disso, aliados de Bolsonaro, como seu filho Carlos, questionam ainda hoje “quem mandou matar Bolsonaro?”, sugerindo a existência de uma trama por trás de Adélio. Esse é o tamanho do problema gerado pelo ato de Tiü França para Bolsonaro.
Anistia?
Integrantes do PL tentam, desde que a identidade de Francisco Wanderley Luiz foi confirmada pelas autoridades, afastar qualquer relação com Bolsonaro. Mas, ainda que não tenha relação direta com o ex-presidente e haja registros em suas mensagens de críticas a Bolsonaro, o ato de Tiü França representa um lado do espectro político, assim como fez o ato de Adélio.
Da mesma forma que a facada de Adélio jogou luz sobre os perigos da retórica da esquerda contra Bolsonaro, o disparo de fogos de artifício contra a sede do STF projeta um holofote sobre o ex-presidente, e no momento em que ele se animava para tentar uma anistia que lhe permitisse concorrer de novo à presidência em 2026, espelhando-se na vitória de Donald Trump nos Estados Unidos.
Bolsonaro tenta agora reduzir os danos. Publicou uma mensagem “pela pacificação”, para dizer que “já passou da hora de o Brasil voltar a cultivar um ambiente adequado para que as diferentes ideias possam se confrontar pacificamente”.
Depois do que ocorreu em 8 de janeiro de 2023 e em 13 de novembro de 2024, e no contexto da inelegibilidade imposta até 2030, parece tarde demais para dizer isso.
Fonte: O antagonista – https://oantagonista.com.br/author/rodolfo-borges/