CIDADE
Justiça Eleitoral barra prefeito eleito em Pedra Branca antes mesmo da posse
Allison Victo Bastos de Sousa, o popular Bastinho, já começou sua trajetória política na corda bamba. O prefeito eleito de Pedra Branca, no Sertão da Paraíba, teve seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral antes mesmo de esquentar a cadeira de chefe do Executivo. A acusação? Abuso de poder político e econômico durante a campanha de 2024. Para piorar, foi declarado inelegível por longos oito anos.
O enredo se desenrola a partir de uma denúncia movida pela coligação adversária “Governar para Todos” – formada pelos partidos Republicanos e União. Não era só Bastinho na berlinda. O vereador Geudiano de Sousa, que tentava se manter no cargo, também foi implicado. Ambos foram acusados de captação ilícita de sufrágio, uma forma mais técnica para o bom e velho crime de compra de votos.
As acusações têm detalhes que lembram um roteiro de novela. Segundo o processo, Bastinho, Geudiano e um aliado conhecido como “Jacaré” visitaram eleitores na zona rural, no Sítio Jenipapeiro. A proposta? R$ 2 mil pelo apoio nas urnas. Os moradores entregaram o esquema, e seus depoimentos foram usados como prova decisiva no tribunal.
Além da cassação do registro de candidatura, a Justiça foi além. Ambos os políticos foram multados em R$ 10 mil, uma punição compartilhada. Qualquer certificado ou diploma eleitoral emitido em favor dos envolvidos também foi anulado, fechando qualquer brecha para que tomassem posse.
Esse desfecho deixa um recado claro: a Justiça Eleitoral não está para brincadeira. Cassar um mandato antes mesmo da posse não é algo comum, mas serve de exemplo para quem insiste em jogar sujo durante as eleições.
O caso, no entanto, reflete uma questão mais profunda. Em cidades pequenas como Pedra Branca, a proximidade entre candidatos e eleitores pode ser uma faca de dois gumes. Se por um lado há mais diálogo, por outro, é mais fácil para irregularidades passarem despercebidas ou serem aceitas como algo “normal”.
Agora, o destino político da cidade está nas mãos do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB). Novas eleições podem ser convocadas, mas também existe a possibilidade de o segundo colocado assumir o cargo. Enquanto isso, Pedra Branca enfrenta um cenário de incertezas, com sua população observando o desenrolar de um episódio que evidencia os limites da ambição política.
Mais do que uma decisão judicial, esse caso escancara a necessidade de reforçar a fiscalização e educar os eleitores sobre o poder de seus votos. A Justiça Eleitoral deu um passo importante, mas é apenas uma parte de um longo caminho para garantir que a democracia prevaleça especialmente onde às práticas antigas ainda tentam ditar o jogo.