ECONOMIA
Risco Brasil registra maior alta anual desde 2015: CDS encerra 2024 em 205 pontos
O indicador de risco país, medido pelo Credit Default Swap (CDS) de cinco anos, terminou 2024 em 205 pontos, marcando um aumento expressivo de 72,5 pontos em relação ao final de 2023, quando estava em 132,5 pontos. Este crescimento anual não era visto desde 2015, quando o Brasil enfrentava uma grave recessão durante o governo Dilma Rousseff (PT), resultando em um salto de 287,9 pontos no CDS.
Em dezembro de 2024, o CDS alcançou seus níveis mais altos desde maio, registrando um aumento de 43,5 pontos somente no último mês do ano. Esse movimento ocorreu em meio a discussões intensas no governo e no Congresso sobre o pacote fiscal para conter o avanço das despesas públicas. No entanto, especialistas apontam que as medidas propostas não atenderam às expectativas do mercado financeiro. Ajustes feitos pelos parlamentares, incluindo alterações no Benefício de Prestação Continuada (BPC), comprometeram o impacto original esperado.
Efeitos no Mercado Financeiro
A desconfiança crescente por parte dos investidores impactou fortemente outros indicadores econômicos. O dólar comercial superou pela primeira vez a marca histórica de R$ 6,00, encerrando 2024 cotado a R$ 6,18, o que representa uma desvalorização de 27,3% da moeda brasileira ao longo do ano. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), encerrou o ano com 120.283 pontos, acumulando uma queda anual de 10,36% e uma retração de 4,28% apenas em dezembro.
Mudanças e Oscilações no Governo Lula
Sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o risco Brasil apresentou oscilações marcantes. Entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2024, o CDS caiu de 250,3 para 122 pontos, registrando o menor patamar do mandato. No entanto, a flexibilização de regras fiscais promovida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em abril de 2024, alterou essa trajetória. A adoção de metas fiscais menos rígidas levou o indicador a subir para 160 pontos naquele mesmo mês.
Nos meses finais de 2024, a demora do governo em apresentar propostas concretas para conter os gastos públicos e a percepção de medidas insuficientes gerou maior apreensão no mercado, culminando em um aumento acentuado do risco país no último trimestre.
Expectativas para 2025
Economistas alertam que a confiança do mercado em relação ao Brasil estará diretamente vinculada à habilidade do governo em programar reformas fiscais sólidas e promover estabilidade econômica. O controle sobre o crescimento das despesas públicas e o avanço em reformas estruturais serão cruciais para reduzir o CDS e melhorar a percepção de risco do país. A condução dessas iniciativas será determinante para o cenário econômico e político nos próximos meses.