CIDADE
Os desafios e prioridades dos novos prefeitos e prefeitas no Brasil
Um panorama sobre as responsabilidades e os desafios das novas gestões municipais
Por Roberto Tomé
Desde o dia 1º de janeiro, 5.568 prefeitos e prefeitas assumiram a gestão das cidades brasileiras, abrangendo desde o extremo norte em Oiapoque até o extremo sul em Chuí. Para os gestores eleitos ou reeleitos, a vitória nas urnas traz consigo a enorme responsabilidade de enfrentar problemas complexos e promover o desenvolvimento de seus municípios.
As demandas são amplas e incluem áreas fundamentais como saúde, educação, segurança pública, saneamento básico e mobilidade urbana. Além disso, temas como déficit habitacional, reforma tributária e desastres climáticos também exigem atenção urgente dos novos gestores.
A segurança pública foi um dos temas mais debatidos durante as últimas eleições e deve ocupar lugar de destaque nas pautas das novas gestões. A violência, que muitas vezes é reflexo direto da desigualdade social e da falta de oportunidades, exige soluções que transcendam a repressão policial. Isso inclui a prática de políticas públicas voltadas para a geração de emprego, inclusão social e melhoria das condições de vida da população mais vulnerável, incluindo moradores em situação de rua.
O déficit habitacional é um dos maiores desafios para os novos prefeitos. Construir moradias populares é essencial, mas não suficiente. Essas iniciativas devem estar integradas a um planejamento urbano que inclua escolas, unidades de saúde, transporte público e outros serviços básicos. Sem essa integração, as novas habitações não cumpririam plenamente seu objetivo social.
As áreas de saúde e educação continuam a ser prioritárias, mas também enfrentam desafios históricos de falta de investimento e infraestrutura. Na saúde, a ampliação e melhoria da atenção básica são fundamentais para desafogar os sistemas hospitalares. Na educação, é necessário garantir desde a oferta de vagas na educação infantil até a qualificação do ensino básico e médio, bem como a formação continuada dos professores.
A mobilidade urbana é outro desafio relevante. Em pleno século XXI, a inclusão precisa ser uma prioridade, com adaptações nas ruas e no transporte público para garantir acessibilidade a pessoas com deficiência (PCDs). Além disso, é fundamental melhorar a eficiência e a qualidade do transporte coletivo, que historicamente é precário em muitas regiões.
Os prefeitos também precisam equilibrar os orçamentos municipais diante do aumento das despesas obrigatórias e das demandas crescentes por serviços. Um desafio adicional é a transição da reforma tributária, que substituirá impostos como o ISS e o ICMS pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Essa mudança terá impacto direto nas receitas municipais, exigindo planejamento e adaptação.
As mudanças climáticas tornaram urgente a realização de políticas públicas voltadas à prevenção e mitigação de desastres naturais, como enchentes e desmoronamentos. Municípios que já enfrentaram eventos climáticos extremos devem colocar esse tema como prioridade em suas gestões.
Acima de tudo, a população espera comprometimento e resultados efetivos de seus representantes. Os eleitores confiantes aguardam que os novos prefeitos e prefeitas demonstrem responsabilidade, transparência e capacidade de cumprir as promessas feitas durante a campanha. Chegou a hora de deixar para trás as velhas práticas de discursos vazios e focar em uma gestão eficiente e dedicada ao bem-estar coletivo.