Politíca
Democracia em xeque: Chió, 8 de janeiro e os dilemas do Brasil
Por Roberto Tomé
O Brasil, dois anos depois do desastre de 8 de janeiro de 2023, ainda lambe as feridas da democracia esfaqueada, mas, quem foi esfaqueado não foi Bolsonaro? Se é para perguntar, quem mandou matar Jair Bolsonaro? Será que o STF vai investigar ou os sigilos irá continuar? Quantas perguntas. Mas, o que foi aquilo? Uma tentativa de golpe, uma ópera bufa de destruição ou um bando de gente manipulada com bandeira na mão e discurso na cabeça? Chame como quiser, mas aquele dia expôs as rachaduras do nosso Estado Democrático de Direito – e elas continuam abertas.
E agora? Centenas de pessoas já foram julgadas, condenadas, mas as engrenagens da justiça parecem engasgadas. Quem financiou essa loucura? Quem arquitetou esse circo todo? O Supremo já bateu o martelo em 371 casos, mas a verdade é que a gente continua comendo pelas beiradas.
No meio desse emaranhado, o deputado estadual Chió (Rede), da Paraíba, levanta a voz. E ele tem razão: esquecer essa data seria um crime. “Não existe país forte com democracia ameaçada”, disse ele. Certo. Mas quem está ouvindo?
Falar em “lembrar para nunca esquecer” soa bonito. Mas no Brasil, a memória é curta, e o esforço para enterrar histórias inconvenientes é gigantesco. Chió quer que a gente continue debatendo. Justo. Mas a pergunta que fica é: quem vai garantir que esse debate não vire só fumaça para apagar rastros?
O STF, com seus julgamentos milimetricamente acompanhados, estão dando um show – mas de justiça ou de espetáculo? Difícil dizer. O povo quer respostas, quer saber quem pagou a conta dessa bagunça. Mas a sensação é de que estamos pisando em ovos. Ninguém toca nas peças grandes do tabuleiro. Quem comandava de verdade continua confortável, observando de longe, enquanto os peões são engolidos.
E o governo? Lula aparece firme, prometendo punição para todos. “Todos terão direito de defesa”, ele disse. Tá certo é o mínimo. Mas cadê os nomes graúdos? Por enquanto, a justiça tem sido ágil com quem quebrou porta e janela, mas lenta com quem talvez tenha comprado a marreta.
A verdade é que o Brasil está numa encruzilhada. Continuar com o “esquece isso e segue a vida” é receita para o desastre. Mas também não dá pra viver numa eterna caça às bruxas. A democracia não é uma ideia abstrata – é o chão que a gente pisa. E se a gente não cuidar, esse chão racha de novo.
Chió e outros que insistem em manter o assunto vivo têm razão. Mas falar é fácil. O que falta é coragem coletiva para ir fundo, sem medo de mexer onde dói. Enquanto isso, o futuro da nossa democracia segue como o Brasil: bagunçado, imprevisível, mas cheio de potencial – se a gente parar de empurrar tudo com a barriga.
E aí? O que você acha? Vamos lembrar para nunca esquecer ou esquecer para nunca mais lembrar? Portal Informa Paraíba.