Internacional
Acordo histórico entre Israel e Hamas: cessar-fogo promete paz após 15 meses de conflito
Após 15 meses de uma guerra devastadora na Faixa de Gaza, representantes de Israel e do grupo Hamas alcançaram um acordo histórico de cessar-fogo e troca de reféns. A negociação foi mediada por autoridades dos Estados Unidos, Egito e Irã, com um papel fundamental do presidente americano, Donald Trump, que contribuiu para viabilizar o entendimento entre as partes. O pacto, que aguarda a aprovação final do gabinete israelense, delineia etapas cruciais para a libertação de reféns e a suspensão das hostilidades na região.
Na primeira fase, programada para começar neste domingo, o Hamas irá libertar 33 reféns, incluindo mulheres, crianças e idosos com mais de 50 anos. Em troca, Israel se comprometeu a soltar 30 prisioneiros palestinos para cada refém civil e 50 para cada refém militar. Durante este período, os combates serão interrompidos, e as forças israelenses recuarão para os limites da Faixa de Gaza. Para amenizar a situação humanitária, os palestinos deslocados poderão retornar às suas casas, e ajuda emergencial será enviada ao território.
A segunda fase, com duração prevista de 42 dias, buscará consolidar uma “calma sustentável”. Nesse momento, o Hamas libertará os reféns remanescentes, incluindo soldados e civis do sexo masculino, enquanto Israel negociará a libertação de outros prisioneiros palestinos e a retirada completa de suas tropas. A terceira e última fase prevê a troca dos corpos de reféns israelenses que morreram em cativeiro pelos restos mortais de militantes do Hamas. Esse estágio também incluirá um plano robusto de reconstrução para Gaza e a reabertura das passagens fronteiriças, permitindo maior circulação de bens e pessoas.
A notícia do acordo provocou reações imediatas em Israel. Na cidade de Tel Aviv, milhares de pessoas saíram às ruas para celebrar a esperança de retorno dos reféns. Manifestações com orações, gritos de palavras de ordem e apresentações musicais tomaram conta do cenário. No entanto, em Jerusalém, manifestantes de direita expressaram preocupações com o acordo, afirmando que ele fortalece o Hamas e pode comprometer a segurança de Israel no futuro.
Nos Estados Unidos, o cessar-fogo gerou uma disputa política. O presidente Joe Biden destacou que as bases do acordo foram propostas por ele em maio e reafirmou seu empenho diplomático na busca pela paz. Por outro lado, Donald Trump, que deixa o cargo na próxima segunda-feira, reivindicou o crédito pelo pacto. Segundo Trump, seu representante nas negociações, Steve Witkoff, desempenhou um papel crucial no processo e continuará trabalhando para garantir que Gaza não volte a ser um refúgio para militantes.
O conflito, iniciado em 7 de outubro de 2023, foi desencadeado por um ataque coordenado do Hamas em solo israelense, que resultou na morte de 1.200 pessoas e na captura de aproximadamente 250 reféns. A resposta militar de Israel levou a uma guerra prolongada, marcada pela destruição massiva da infraestrutura na Faixa de Gaza. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 46 mil pessoas perderam a vida, incluindo 13 mil crianças. Além disso, cerca de 1,9 milhões de habitantes – equivalentes a 90% da população do território – foram deslocados. Os custos da reconstrução são incalculáveis.
Apesar de ser um marco significativo, o sucesso do cessar-fogo dependerá do compromisso de todas as partes em cumprir os termos acordados. A paz duradoura na região ainda demanda soluções abrangentes e um esforço coletivo para superar os profundos desafios políticos, econômicos e sociais.