Nacional
Jovens apontam corrupção como maior problema do Brasil
Violência e falta de segurança ocupam o segundo lugar entre as
preocupações dos jovens brasileiros. Fome e pobreza caem sete posições
A corrupção foi considerada o principal problema do país por pessoas entre 18 e 27 anos de idade, de acordo com a pesquisa “O que pensam os jovens brasileiros” realizada pelo Centro de Estudos SoU_Ciência em parceria com o Instituto IDEIA. O tema foi mencionado por 34% dos entrevistados, um aumento significativo em relação à pesquisa de 2021, quando ocupava a sexta posição, com 26% das respostas. (Veja os gráficos no final deste texto)
O estudo destacou que a preocupação com a corrupção é mais presente entre homens (40%), jovens da classe AB (37%), evangélicos (43%), amarelos (37%) e trabalhadores informais (43%). Estudantes de universidades privadas também se destacaram, com 50% apontando o tema como prioritário. No espectro político, 52% dos jovens que se declaram de direita ou centro-direita consideram a corrupção o maior desafio nacional.
Por outro lado, a corrupção teve menor destaque entre jovens com baixa escolaridade. Apenas 13% dos entrevistados que estudaram até a terceira série do ensino fundamental mencionaram o tema, priorizando questões como desemprego e educação. Entre os jovens que se identificam como de centro no espectro político, 21% apontaram a corrupção, também em menor frequência.
Para Pedro Arantes, professor da Universidade Federal de São Paulo e coordenador da pesquisa, “houve uma mudança expressiva em relação ao maior problema do país segundo os jovens: quando fizemos a pesquisa em 2021, em plena pandemia, o maior problema era fome e pobreza seguido de falta de segurança; já em 2024, com a melhora do cenário econômico, a consolidação das políticas de complementação de renda em novo patamar e queda do desemprego, o maior problema passou a ser a percepção da corrupção disseminada, posição claramente puxada por segmentos de oposição ao governo Lula”.
Violência e falta de segurança – Além da corrupção, a pesquisa revelou que a violência e a falta de segurança permanecem como um problema significativo, ocupando o segundo lugar entre as preocupações dos jovens, com 30% das respostas. Em 2021, esse índice era maior: 35%. O tema é especialmente relevante para mulheres (33%), classe DE (30%), nordestinos (33%), católicos (34%), ateus e sem religião (31%), brancos (36%), trabalhadores autônomos/MEI/PJ (36%), declaram-se de esquerda ou centro esquerda (32%).
Por outro lado, a violência foi menos mencionada entre homens (26%) e jovens do Norte (22%), quem estudou até a quarta série do ensino fundamental (12%) e jovens de centro (19%).
Outro ponto que sofreu alteração significativa entre as duas pesquisas foi a preocupação com fome e pobreza, que liderava as respostas em 2021 com 66%. Em 2024, esse índice caiu para 18%, colocando o tema na oitava posição.
Sobre o levantamento – A pesquisa “O que pensam os jovens brasileiros” foi realizada pelo Centro Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (Sou_Ciência), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o Instituto de Pesquisa IDEIA.
Entre 16 e 23 de setembro de 2024 foram entrevistados 1.034 jovens de 18 a 27 anos, de todas as regiões do país, via telefone celular. Os dados foram ajustados com base no censo mais recente do IBGE para refletir o perfil real da juventude brasileira.
A margem de erro é de 3 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%. Para garantir resultados precisos, os questionários passaram por uma rigorosa checagem de qualidade.
As 55 perguntas do questionário abordaram temas relacionados a aspectos da vida pessoal, estudantil e profissional dos jovens, suas perspectivas de futuro, posições ideológicas e percepções sobre o país.
GRÁFICO 1 – Principais problemas do Brasil segundo jovens de 18 a 27 anos, em setembro 2024. (A pergunta permitiu até três respostas).
GRÁFICO 2 – Principais problemas do Brasil, segundo jovens, em 2021 e 2024.
(A pergunta permite até três respostas. Em 2021, respostas de jovens de 16 a 29 anos. Em 2024, de 18 a 27 anos).