Nacional
O impacto do ativismo no jornalismo brasileiro: será que conseguimos separar o trigo do joio?
Por Roberto Tomé
A verdade é simples: o jornalismo, como a gente conhecia, já era. As notícias não são mais só notícias. Elas são disputas ideológicas, bandeiras empunhadas por um lado ou outro, e um campo de batalha entre o que é dito e o que se quer que você ouça. E o ativismo, com sua força crescente, tem sido o combustível dessa guerra, especialmente no Brasil.
O que parecia ser um movimento de protesto legítimo contra as injustiças, agora é cada vez mais um jogo de poder. Não se trata apenas de lutar por um ideal, mas de moldar a narrativa conforme os interesses de quem controla o discurso. O ativismo não é mais uma reação ao sistema. Ele virou parte do próprio sistema. Quando ativistas se envolvem na mídia, a linha entre a informação e a opinião se desfaz. O que a gente tem, na prática, é uma torrente de “notícias” que são tudo, menos imparciais.
Veja o caso da tributação digital, que se tornou um divisor de águas. A Receita Federal querendo que todas as movimentações superiores a R$ 5 mil sejam reportadas e o caos que isso gerou na sociedade. Defensores dessa ideia alegam ser uma medida de arrecadação para equilibrar a economia. Mas não é só isso. Ao lado dos defensores, os opositores se posicionam com base em críticas à invasão de privacidade e ao autoritarismo fiscal. Aqui, o jornalismo, que deveria se ater aos fatos e às estatísticas, foi engolido por uma guerra de narrativas. E o pior: não há mais espaço para o contraditório. As discussões viraram campos minados.
E o que vemos na prática é uma manipulação do próprio jornalismo. O que muitos veem como “informação”, na verdade, já tem um caráter opinativo claro. Ativistas da esquerda e da direita não se contentam mais em apenas denunciar; eles querem controlar o que é dito, como é dito, e até como você deve reagir. A mídia, que antes deveria ser o espelho da realidade, agora se torna um reflexo distorcido daquilo que é politicamente conveniente.
Isso não é apenas um detalhe, é o centro da crise do jornalismo atual. O ativismo, com suas narrativas passionais, contamina a notícia e enfraquece a função do jornalista como um farol de imparcialidade. Jornalistas que buscam seguir o caminho da verdade se veem sendo atacados e desqualificados por militantes que não aceitam nada que vá contra a sua visão de mundo. A liberdade de expressão virou campo de batalha. Quem não se alinha, é “inimigo”.
E tem mais: quando o jornalismo se rende a esse ativismo ideológico, ele perde a sua essência. O papel do jornalista não é ser porta-voz de uma causa, mas sim investigar, questionar, iluminar. Quando se cede à pressão ideológica, a democracia enfraquece. O público começa a perder a capacidade de distinguir entre o que é fato e o que é manipulação. E, cá entre nós, estamos vivendo isso bem de perto.
No Portal Informa Paraíba, nossa posição é clara. A informação tem que ser verdadeira, sem viés, sem agenda. Não vamos nos curvar diante de qualquer pressão ideológica, seja ela de esquerda ou direita. A nossa missão é entregar aos nossos leitores a verdade nua e crua, sem maquiagem, sem manipulação. Não aceitamos distorções, seja para favorecer um partido ou uma ideologia.
O ativismo pode, sim, ser uma força positiva quando usado para questionar e provocar mudanças. Mas ao se transformar em uma máquina de manipulação da verdade, ele afeta a própria essência da democracia. O ativismo não pode ser um cavalo de Troia para embutir mentiras na sociedade. Ele não pode calar quem ousa discordar. A função da mídia é ser o espelho da sociedade, não um palco onde ideologias brigam pela sua versão da realidade.
A solução? Voltar à velha prática do jornalismo: investigar, questionar, ser imparcial e respeitar a diversidade de opiniões. Porque, no final das contas, é isso que a democracia precisa. Informação. Não manipulação.