CIDADE
Vice-prefeita renuncia em tempo recorde: Quando participação é só promessa de campanha
A cena política de Itatuba, interior da Paraíba, protagonizou um escândalo precoce e emblemático neste início de 2025. Cristina Lacerda, vice-prefeita eleita ao lado de Josmar Lacerda (MDB), anunciou sua renúncia ao cargo antes mesmo de completar um mês de mandato. A justificativa? Sentiu-se ignorada, alijada de qualquer participação efetiva nas decisões administrativas.
O recado de Cristina veio em tom de desabafo, estampado em uma nota que caiu como uma bomba nesta segunda-feira (20). Segundo ela, o discurso de “gestão participativa” defendido em campanha não passou de palavreado vazio. Não teve voz na escolha de secretários, tampouco em nomeações que definem os rumos do município. Isso, nas palavras da ex-vice, contraria frontalmente os compromissos assumidos com a população. Se a gestão é um time, parece que Cristina sequer foi escalada.
E agora? O que sobra é um prefeito que lidera sozinho, mas com que credibilidade? Porque o desgaste político já bateu à porta da gestão. Josmar, eleito com apertados 51% dos votos, carrega agora o estigma de não ser tão “participativo” assim. Já Cristina, ainda que fora do cargo, ecoa uma mensagem incômoda: gestão é feita com diálogo e respeito às vozes eleitas, e não com centralização de poder.
Mas essa novela não é exclusividade de Itatuba. A Paraíba tem sido palco de gestões nebulosas e, em alguns casos, francamente escandalosas. Veja Montadas, por exemplo. Lá, o nepotismo reina sem disfarces. Prefeito nomeando parente como se a administração fosse extensão do álbum de família: irmãos, esposa, tio. Parece uma reunião de domingo travestida de gabinete.
E tem mais. Outras cidades paraibanas convivem com prefeitos que são só fachada, sem autonomia para nomear profissionais minimamente competentes. Alguns não conseguem sequer indicar um advogado ou um médico sem o aval de seus padrinhos políticos. São marionetes em um teatro onde quem puxa os fios são dinastias políticas e interesses obscuros. O que era para ser gestão pública vira um jogo de poder particular.
Cristina Lacerda jogou a toalha, mas deixou um recado poderoso: sem transparência, sem participação efetiva e sem respeito à democracia interna, não há campanha que sustente uma gestão. Enquanto prefeitos e vice-prefeitos não entenderem que foram eleitos para servir e não para alimentar um sistema falido, o eleitor vai continuar frustrado, assistindo às promessas virarem cinzas antes mesmo de se acenderem.
E você, o que pensa disso? Até quando os palanques serão usados para vender ilusões? Porque, se a classe política continuar brincando de administrar, quem paga a conta é o cidadão. Mais uma vez.