AGRICULTURA & PECUÁRIA
Açúcar amplia ganhos e fecha semana com altas de até 4,4% impulsionadas por rumores de menor produção na Ásia
Novas preocupações com relação às safras de cana-de-açúcar na Ásia impulsionaram os preços do açúcar nesta semana. Com isso, nesta sexta-feira (24), as cotações fecharam pela terceira sessão seguida em alta nas bolsas de Nova York e Londres e chegaram a avanços superiores a 4% entre os contratos mais negociados na comparação semanal.
Na Bolsa de Nova York, o contrato março/25 subiu 0,33 cents (+1,77%) e encerrou a sessão a 19,02 cents/lbp. O maio/25 avançou 0,30 cents (+1,73%), negociado a 17,62 cents/lbp. O julho/25 teve alta de 0,23 cents (+1,35%) e foi cotado a 17,26 cents/lbp. O outubro/25 subiu 0,20 cents (+1,17%) e fechou a 17,35 cents/lbp.
Na comparação semanal, o contrato março/25 de Nova York avançou 0,80 cents (+4,39%), partindo de 18,22 cents/lbp registrados no dia 17 de janeiro. O maio/25 teve alta de 0,52 cents (+3,04%), o julho/25 subiu 0,47 cents (+2,80%), e o outubro/25 apresentou ganho de 0,48 cents (+2,85%).
Em Londres, os contratos também registraram ganhos expressivos. O março/25 aumentou US$ 11,30 (+2,32%), fechando a US$ 498,20 por tonelada. O maio/25 avançou US$ 9,60 (+1,99%), cotado a US$ 491,50 por tonelada. O agosto/25 subiu US$ 9,30 (+1,98%) e foi negociado a US$ 479,20 por tonelada, enquanto o outubro/25 fechou com alta de US$ 9,20 (+1,97%) a US$ 475,70 por tonelada.
No acumulado da semana, o março/25 acumulou alta de US$ 19,60 (+4,10%), saindo de US$ 478,60 no início da semana. O maio/25 subiu US$ 14,10 (+2,95%), o agosto/25 avançou US$ 12,70 (+2,72%) e o outubro/25 ganhou US$ 11,60 (+2,50%).
De acordo com Marcelo Filho, analista em inteligência de mercado da Stonex, os preços subiram por muitas preocupações nas safras asiáticas. Segundo ele, surgiram rumores de que a queda na Índia pode ser ainda maior do que o esperado, e mesmo com a cota de exportações, o país pode ter um cenário mais preocupante. Além disso, conforme destaca Filho, se fala também da safra tailandesa, que pode frustrar um pouco em termos de moagem, por conta de rumores de produtividade caindo mais no Nordeste do país.
Porém, o analista ressalta que são rumores. Afetam o preço, mas apenas vão se confirmar ou não entre fevereiro e início de março. Assim, o aumento do preço é explicado por essas notícias e pelo fato de que os fundos estão muitos vendidos no momento, os maiores volumes vendidos desde 2019, e isso torna o preço sensível – qualquer fator, fundamento, pode proporcionar realização de lucros por parte dos especuladores, como explica Filho.
Dessa forma, se esses rumores que trouxeram as cotações novamente para o patamar dos 19 cents/lbp não se confirmarem, o analista afirma que os preços podem cair novamente. “Mas acho que com essa tendência do curto prazo de corrigir, é possível que suba pelo menos um pouquinho, mas não dá pra cravar, porque é um mercado um pouco mais volátil agora, com essa presença dos fundos”, explica.
“A gente está esperando confirmar se esses rumores são verdade. O mercado está falando em uma queda de 5 milhões de toneladas. A safra passada [da Índia] terminou em 32 milhões e estão estimando em 27 milhões de toneladas. Eu acho muito catastrófico. A gente só conseguiria nesse número se a safra ter um final muito rápido, a colheita começar a diminuir o ritmo já em fevereiro, o que é pouco comum e porque a safra lá está atrasada”, acrescenta Filho.
“A gente acredita que vai ter uma quebra, mas talvez não seja tão alta. Então, por exemplo, se chega janeiro e fevereiro e os níveis de produção da Índia estão muito bons, Tailândia não está tão ruim assim, você pode ter uma volta desse patamar abaixo dos 18 cents/lbp”, completa o analista.
ÍNDIA AINDA SEGURA EXPORTAÇÕES
Na última segunda-feira (20), a anunciou que permitirá a exportação de 1 milhão de toneladas de açúcar nesta temporada, amenizando as restrições às exportações implementadas em outubro de 2023 para garantir o abastecimento doméstico.
Porém, nesta sexta-feira a Reuters informou que comerciantes indianos estão com dificuldades para assinar contratos de exportação, mesmo depois de Nova Délhi ter permitido os embarques, já que as usinas estão buscando um prêmio elevado sobre os preços de Londres que os compradores estrangeiros não estão dispostos a pagar.
“Sobre as exportações indianas, as usinas têm até setembro para exportar e, no nível perto dos 18 cents/lbp em NY, se torna um preço menos atrativo. Então sim, as usinas podem estar segurando um pouco para exportar sob preços um pouco melhores. Isso acaba levantando uma dúvida sobre a capacidade delas cumprirem com a cota de 1 milhão de toneladas, justamente pelos rumores de quebra”, explica Marcelo Filho.
MERCADO INTERNO
No mercado físico brasileiro, o indicador Cepea Esalq mostra, em São Paulo, o açúcar cristal branco com valor de R$ 154,79/saca, ALTA de 1,04%. O açúcar cristal em Santos (FOB) tem valor de R$ 142,32/saca, aumento de 2,28%. O cristal empacotado em São Paulo vale R$ 16,7060/5kg. O refinado amorfo está cotado em R$ 3,7274/kg. O VHP tem preço de R$ 112,45/saca.
Em Alagoas, também com base no que mostra o indicador Cepea Esalq, o preço do açúcar está em R$ 152,64/saca. Na Paraíba, a cotação é de R$ 147,09/saca. Em Pernambuco, o adoçante vale R$ 148,12/saca.