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Lula aumenta pressão sobre o IBAMA e quer destravar exploração de petróleo na Foz do Amazonas
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Às vésperas de uma visita ao Amapá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou as críticas ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) pela demora na autorização de estudos para a exploração de petróleo na Margem Equatorial, que inclui a Foz do Amazonas. Durante entrevista à rádio Diário FM, de Macapá, Lula não economizou nas palavras: “Não é que eu vá mandar explorar, eu quero que seja explorado. O que não dá é ficar nesse lenga-lenga. O IBAMA é um órgão do governo e está parecendo que é contra o governo”.
A fala do presidente é mais do que um desabafo – é um recado direto. Com a corrida eleitoral de 2026 no horizonte, Lula busca consolidar alianças estratégicas, especialmente com o senador Davi Alcolumbre (União-AP), que reassumiu a presidência do Senado. Além do peso político, a liberação da exploração petrolífera na região pode representar ganhos econômicos consideráveis.
Pressão crescente e reação do IBAMA
O presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, tentou minimizar a declaração de Lula, afirmando que o órgão não sofre interferências diretas. “O presidente nunca me pressionou para isso, mas de tempos em tempos surgem empreendimentos emblemáticos e a sociedade cobra uma resposta”, disse. Entretanto, a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente reagiu com veemência, classificando qualquer tentativa de influência política sobre o trabalho técnico do órgão como “inadmissível”.
Troca de comando no IBAMA à vista?
Nos bastidores, a bronca pública de Lula foi interpretada como um aviso de que mudanças na chefia do IBAMA podem estar a caminho. Rodrigo Agostinho, aliado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é filiado ao PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin. O nome mais cotado para uma possível substituição é o do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo (PT), biólogo e ex-superintendente do IBAMA em Sergipe. Caso a mudança se confirme, seria um golpe na influência de Marina Silva dentro do governo.
Marina Silva em xeque
A crise do licenciamento ambiental da usina de Belo Monte, que levou Marina Silva a pedir demissão do Ministério do Meio Ambiente em 2008, ainda assombra o governo. No entanto, o Planalto aposta que, apesar do desgaste, Marina permanecerá no cargo. A própria ministra já procurou se afastar da polêmica, afirmando que a decisão final sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas cabe a Lula, não ao seu ministério ou ao IBAMA.
Reforma ministerial e alianças políticas
Enquanto pressiona pelo avanço da exploração petrolífera, Lula também sinaliza que pretende acelerar a reforma ministerial, trazendo Alcolumbre e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para o centro das negociações. Fontes do governo indicam que os dois já foram avisados de que participarão de reuniões estratégicas com o presidente.
As mudanças no primeiro escalão do governo devem começar por ministros petistas ou indicados diretamente por Lula. Entre os nomes que podem deixar seus cargos estão Nísia Trindade, da Saúde, e Wellington Dias, do Desenvolvimento Social.
O presidente joga em várias frentes: tenta fortalecer sua base política, garantir apoio de aliados estratégicos e, ao mesmo tempo, superar entraves ambientais que barram a exploração petrolífera em uma das regiões mais sensíveis do país. O desfecho desse impasse terá repercussões não apenas no cenário político, mas também na economia e no meio ambiente.