Internacional
Comissão de Inquérito diz que líderes alimentam violência no Sudão do Sul
Relatório de 24 páginas, apresentado ao Conselho de Direitos Humanos, cita violações, corrupção e impunidade que colocam em risco transição política da nação africana
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Os políticos estão falhando com o povo do Sudão do Sul. Foi assim que a Comissão de Inquérito da ONU descreveu a situação da jovem nação africana ao Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, na Suíça.
No relatório, de 24 páginas, o grupo afirmou que os líderes políticos sul-sudaneses precisam enfrentar a impunidade e a corrupção no país que estão alimentando os abusos de direitos humanos.
Violência étnica e crianças-soldado
A presidente da Comissão, Yasmin Sooka, disse ser “injusto que tantos anos após a independência, e apesar dos compromissos de paz, os líderes políticos continuem as suas contestações violentas em todo o país e a faltar com o povo.”
Segundo as investigações, em 2024, foram encontrados os mesmos padrões de violações graves nos mesmos locais, que conduziam, frequentemente, aos mesmos gabinetes públicos e militares.
Sooka afirma que a violência sexual persiste dentro e fora dos conflitos. Com altos funcionários “apoiando execuções sumárias, recrutamento forçado e sequestro de rapazes e meninas para combate ou para a escravidão sexual.”
Na localidade de Tamburra, por exemplo, as Forças Armadas e milícias praticaram violência extrema contra civis com base em razões étnicas. A agressão aprofundou traumas e feridas ainda abertos do conflito de 2021.
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Uma família encontra refúgio em uma antiga base da Unmiss no sudoeste do Sudão do Sul
Lei discriminatória permite pelotão de fuzilamento
A investigação também encontrou casos de conflito relacionado à violência sexual que segue de forma brutal e impune no Sudão do Sul. Muitas crianças afirmam ter sido forçadas ao combate ou mantidas como escravas sexuais. Atos que configuram violações graves do direito internacional.
O relatório do Conselho de Direitos Humanos também examinou a introdução da chamada lei estadual do “livro verde”, em Warrap, que autoriza execuções sumárias por pelotão de fuzilamento por causa de invasão de rebanhos de gado e violência entre comunidades.
Com isso, passou a imperar a cultura da ilegalidade numa espécie de terra de ninguém, que implicaria oficiais seniores e o governo estatal. A lei do “livro verde” também permite que apenas um lado seja levado à justiça com outras vítimas tendo que esperar.
A Comissão de Inquérito pediu a revogação imediata dessa lei.