Educação & Cultura
Educação Infantil: ideias para desenvolver senso de identidade
Envolver as famílias e conhecer suas histórias são caminhos interessantes. Confira sugestões para cada grupo etário
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Cada criança que chega até nós em qualquer fase da Educação Infantil não vem só. Elas trazem suas famílias, seus costumes, suas vivências e suas experiências. Para cada momento do desenvolvimento, existem particularidades que merecem atenção e, em cada uma delas, a construção de vínculos de confiança torna o processo educativo mais significativo.
Promover que as famílias participem e compartilhem suas histórias é um caminho possível para potencializar esse trabalho. Nos documentos que norteiam a prática do professor da Educação Infantil, a convivência diária e o conhecimento de diferentes vivências para a formação de identidade são premissas do campo de experiência O eu, o outro e o nós, prevista na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Desenvolvimento do senso de identidade por grupo etário
Bebês
Com os mais novos é importante que a professora ou professor participe da entrevista inicial (anamnese) para conhecer o histórico dos pequenos. Nesse momento busque conhecer em que condições aconteceu a gestação, acompanhamento pré-natal e o parto; e o ambiente familiar do bebê em seus primeiros meses de vida.
Algo importante é que o professor acolha as histórias de modo livre de julgamentos, tanto para diferentes realidades, vivências ou configurações familiares. Para qualquer família, a chegada de um novo integrante traz desafios que envolvem a adaptação a uma pessoa nova que tem necessidades muito específicas e a escola se torna uma verdadeira rede de apoio, principalmente para quem exerce a maternidade.
Nesse sentido, uma proposta interessante para criar maior proximidade é, na chegada, ou antes da saída, fazer uma roda de conversa entre familiares e bebês para trocarem experiência de como está sendo tanto a construção de vínculos em família, como os sentimento com relação a essa nova etapa de convivência com a creche.
Essa proposta, a princípio, pode parecer benéfica apenas para os adultos, mas também é altamente eficaz no dia a dia dos bebês, pois a família tem a oportunidade de rever sua rotina e construir outros sentimentos sobre esse período.
Além de contribuir para que o professor conheça as narrativas que compõem a breve história dos bebês e reunir informações valiosas que podem ser utilizadas no planejamento para acolher necessidades, inclusive afetivas. Tal prática contribui na construção de sua identidade, pois vai ao encontro do objetivo de proporcionar que o bebê interaja com outras crianças da mesma faixa etária e adultos, adaptando-se ao convívio social.
Crianças bem pequenas
Nesta fase há uma maior percepção delas enquanto sujeito independente dos responsáveis. Têm interesses e vontades próprias, porém ainda muito voltadas para si mesmas, e estão começando a desenvolver um senso de coletividade.
Para apoiar esse processo de expandir suas relações, busque conhecer as famílias e suas rotinas, quais os brinquedos e brincadeiras favoritas em casa, nome dos animais de estimação (caso tenha), as pessoas de maior apego e trazer essas informações tanto para momentos de conversas em roda, quanto em momentos individuais.
Essa familiaridade da professora ou professor com as coisas que importam para a criança fortalece a formação de sua identidade e cria a sensação de ser reconhecida e pertencer. O uso de imagens em um painel ou mural que apoiem esses diálogos também são interessantes.
Além disso, as informações podem ser aproveitadas no planejamento para incluir esses elementos na rotina. Essa proposta se relaciona com o objetivo de construir e reforçar uma imagem positiva de si, e dar confiança em sua capacidade para enfrentar dificuldades e desafios.
Crianças pequenas
É interessante que elas tenham a oportunidade de revisitar suas histórias, para reconhecerem de onde vieram e criar boas expectativas sobre onde estão e querem chegar. Uma pesquisa com as famílias que apresentem à criança sua identidade desde bebê seria interessante, para que perceba o quanto cresceu, se desenvolveu e como tem capacidade para muito mais. A construção de um mural com 4 ou 5 fotos desde bebê ajuda a criança a construir essa dimensão do quanto já evoluiu.
Convide os responsáveis a gravar áudios ou vídeos curtos contando histórias que talvez a criança já não lembre como o nascimento do primeiro dente, o primeiro dia que dormiu fora de casa, a primeira vez que experimentou determinado alimento, podem se constituir em elementos valorosos para que a criança se perceba como sujeito único e que reconheça a história do outro como, apesar de diferente, de igual relevância para ele. Cabe ressaltar que não são apenas fatos, mas episódios que dão significado ao modo como a criança se percebe no mundo.
Essa prática se relaciona com o objetivo de manifestar interesse e respeito por diferentes culturas e modos de vida. Em qualquer uma dessas propostas podemos encontrar a oportunidade dos bebês e crianças pequenas de terem contato com diversidade de histórias, de modos de viver, de composições afetivas que contribuirão na formação de sua identidade de maneira respeitosa para com as diferenças.
De acordo com a BNCC: “Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos constituem como seres humanos.”