Internacional
Em reunião da Liga Árabe sobre Gaza, Guterres pede união por fim da guerra
Secretário-geral da ONU citou nível sem precedentes de morte, destruição e trauma; ele pediu a todas as partes que arquem com seus compromissos especialmente este mês, quando os muçulmanos marcam 30 dias de jejum
É preciso evitar, a qualquer custo, a retomada da violência em Gaza, que lançaria milhões de pessoas de volta ao abismo do sofrimento desestabilizando toda a região.
A declaração é do secretário-geral da ONU, António Guterres, que participa do Encontro de Cúpula da Liga Árabe sobre Oriente Médio e Gaza, realizado no Cairo, Egito.
Recuperação de Gaza deve ser baseada na lei internacional
Segundo ele, a reunião envia um sinal de que o mundo tem uma responsabilidade coletiva para apoiar esforços que levem ao fim da guerra e atenuem o profundo sofrimento humano, assegurando uma paz duradoura.
Para Guterres, a ONU já provou que com acesso para ajuda humanitária, a organização pode coordenar e entregar auxílio a quem precisa.
Guterres lembrou que acabar com a crise imediata não é tudo.
É preciso também encontrar um quadro político claro que possa estabelecer a fundação da recuperação de Gaza, sua reconstrução e estabilidade duradoura.
Para ele, esse quadro precisa ser baseado em princípios e respeito à lei internacional.
O líder das Nações Unidas afirma que Israel deve ter suas preocupações legítimas com a segurança atendidas, mas não deverá haver nenhuma presença militar, de longo prazo, em Gaza.
Equipe palestina da Unrwa na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental enfrenta dificuldades
Futuro mais estável para israelenses e palestinos
António Guterres defende que Gaza tem de ser parte de um Estado palestino independente, democrático e soberano. Sem redução de território ou transferência forçada de sua população.
Ele explicou que Gaza e Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, devem estar unificadas politicamente, econômica e administrativamente pela Autoridade Palestina, aceita e apoiada pelo povo palestino.
O líder da ONU saudou e endossou, fortemente, a iniciativa liderada pelos países árabes para alcançar o apoio para a reconstrução de Gaza.
Ele ressaltou que esse é um processo que requer arranjos de segurança e governança para garantir um futuro melhor e mais estável a israelenses e palestinos.
Papel da Unrwa e situação na Cisjordânia
Ao elogiar o papel da Agência da ONU para Refugiados Palestinos, Unrwa, que teve sua atuação proibida pelo Parlamento de Israel, Guterres destacou a dedicação dos funcionários da ONU e dos trabalhadores humanitários, especialmente os palestinos, que trabalham em condições quase impossíveis.
Ele encerrou o discurso alertando sobre a situação na Cisjordânia, onde forças israelenses lançaram operações de larga escala incluindo tanques e bombardeios, pela primeira vez, em duas décadas.
O secretário-geral apelou por uma desescalada da ofensiva e disse que os ataques devem acabar.
Para Guterres, a recuperação de Gaza é mais que concreto e aço. É dignidade, autonomia e segurança.
Palestinos devem ter o direito de se governar, desenhar seu próprio futuro e viver em paz.
