Nacional
Hugo Motta perde a paciência e bate na mesa ao discutir pautas femininas na Câmara

Por Roberto Tomé
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sempre conhecido pelo tom moderado, resolveu mostrar outra face durante uma reunião de lideranças nesta quinta-feira (13). O motivo? A pressão da bancada feminina para acelerar a tramitação de projetos voltados aos direitos das mulheres. E o desfecho? Um bate-boca que terminou com Motta batendo na mesa e deixando parte dos presentes atônitos.
A cena aconteceu quando a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), líder da federação PSOL-Rede, insistiu na inclusão urgente das propostas na pauta do Plenário. O clima esquentou e, segundo relatos, a parlamentar chegou a se emocionar diante da resistência do presidente da Casa. “Se for assim, não faz sentido manter comissões ou reuniões de lideranças. Cinco projetos são suficientes. Se março é o mês das mulheres, vamos votar aquilo que está pronto”, disparou Motta.
Desde que assumiu o comando da Câmara, Motta vem tentando fortalecer o papel das comissões, evitando pautar projetos em caráter de urgência. Ele defende que cada proposta deve passar pelo rito normal de análise e discussão antes de chegar ao Plenário. O problema é que a bancada feminina enxerga isso como um obstáculo extra para uma agenda histórica e, muitas vezes, negligenciada.
A deputada Iza Arruda (MDB-PE), representante da bancada feminina, levou uma lista de 11 propostas que, segundo ela, era consenso entre os partidos. No entanto, Motta cravou que apenas cinco já tinham parecer prévio e poderiam ser votadas de imediato. As demais, segundo ele, teriam que aguardar o trâmite normal das comissões.
Talíria Petrone não deixou barato e rebateu que muitas dessas propostas estão paradas justamente por conta das recentes mudanças nos procedimentos da Câmara e da demora na instalação das comissões. Para ela, empurrar a discussão para depois é apenas uma forma disfarçada de adiar o avanço das pautas femininas.
O tom exaltado de Motta não passou despercebido. No ano passado, sob a gestão de Arthur Lira (PP-AL), 18 projetos da bancada feminina foram pautados em março. Agora, o presidente da Câmara reduziu esse número de forma drástica, mantendo apenas uma parte das propostas na pauta do dia 25.
Após a reunião, parlamentares como Túlio Gadelha (Rede-PE), Lindbergh Farias (PT-RJ), Doutor Luizinho (PP-RJ) e Pedro Campos (PSB-PE) discutiram a possibilidade de cobrar uma retratação de Motta. Afinal, não é a primeira vez que o presidente da Câmara defende que deputados mantenham um clima de respeito durante os debates.
O que fica agora é a dúvida: a postura de Motta foi apenas um reflexo momentâneo da pressão ou um indício de que o debate sobre os direitos das mulheres ainda precisa superar mais barreiras dentro da própria Câmara? E você, acha que esse tipo de resistência é justificável ou apenas um pretexto para manter tudo como está?