Esporte
As mulheres que moldaram o sucesso de Rebeca Andrade
A atleta olímpica mais condecorada do Brasil de todos os tempos reflete sobre a fonte de sua força, modelos e muito mais no Mês Internacional da Mulher

Antes da ginasta Rebeca Andrade ganhar o ouro olímpico, antes que sua histórica contagem de medalhas a colocasse firmemente no livro de recordes do Brasil, houve uma mulher que viu potencial antes de quase todo mundo: sua mãe, Rosa Santos.
Mãe solteira de oito filhos, Santos trabalhava como empregada doméstica, determinada a fazer tudo o que pudesse para sustentar seus filhos.
Quando o talento crescente de Andrade foi notado pela primeira vez, a jovem ginasta teve a oportunidade de se mudar de sua casa em São Paulo para o Rio para treinar.
Essa decisão, na época, não foi nada fácil, com Santos enfrentando críticas de vizinhos que questionavam sua decisão de deixar a filha sair de casa.
Mas Santos viu algo em Andrade e não deixou a oportunidade escapar.
Esse ato moldou a estrela brasileira, ela diz.
“Força, alegria, perseverança, resiliência, amor: acho que tudo o que sou vem da minha mãe”, disse Andrade ao Olympics.com em uma entrevista exclusiva para o Dia Internacional da Mulher.
Andrade: “Eu amo fazer ginástica como mulher. Mostrar… a beleza da nossa força.”
A competição de ginástica artística feminina em Paris 2024 foi definida pela camaradagem e respeito mútuo que Andrade teve com as competidoras, incluindo as americanas Simone Biles e Jordan Chiles, que se curvaram para a brasileira no pódio do solo.
Aquele momento ficou na memória de Andrade.
“Todo mundo quer vencer, mas independentemente de como as coisas aconteçam, você não precisa desejar mal a outra pessoa ou esperar que ela fracasse. Foi isso que conseguimos mostrar nesta Olimpíada, acima de tudo”, disse ela.
“[Aquele momento] teve um impacto enorme e nos permitiu mostrar nosso cuidado, apoio e respeito uns pelos outros, o que por sua vez nos ajuda a crescer.”
Andrade acredita firmemente que a ginástica deve ser celebrada por seu atletismo, não apenas por sua arte.
“Eu amo fazer ginástica como mulher. Mostrar toda a beleza que trazemos ao nosso trabalho – não apenas a beleza física, mas, mais importante, a beleza da nossa força.”
“Encontre um sistema de apoio.”
O caminho de Andrade para ganhar seis medalhas olímpicas, incluindo duas de ouro, e nove medalhas no Campeonato Mundial, é claro, não foi nada tranquilo.
O jogador de 25 anos superou mais obstáculos do que qualquer atleta poderia enfrentar, incluindo três rupturas do ligamento cruzado anterior em 2015, 2017 e 2019.
Mas, apesar de tudo, Andrade manteve-se firme em sua autoconfiança.
“Não desista. Este esporte é incrivelmente difícil, mas vale a pena”, disse Andrade. “Temos que trabalhar muito duro para alcançar nossos sonhos.”
Esse nunca foi um processo singular para a ginasta, que diz que extrai energia das pessoas ao seu redor.
“Tenho muito orgulho de ser um modelo a seguir – não apenas como atleta, mas como ser humano. Estar aqui com as meninas, compartilhar minha experiência, trocar energia – tudo isso significa muito”, ela explicou. “Às vezes, chego ao treinamento exausta, e elas estão cheias de energia, rindo, dançando e trazendo tanta alegria. Isso muda tudo.”
O mesmo acontece, diz ela, com as mulheres com quem nos cercamos, como Flávia Saraiva, Lorrane Oliveira, Jade Barbosa e Júlia Soares , com quem conquistou um histórico bronze por equipes em Paris.
“Encontre um sistema de apoio – pessoas que queiram as mesmas coisas que você e compartilhem os mesmos sonhos”, disse Andrade. “Dessa forma, a jornada não parecerá tão pesada ou tão difícil de suportar. E, acima de tudo, acredite na força que você tem dentro de você.”