ECONOMIA
Empréstimo consignado CLT: A solução ou mais um alívio passageiro?
Antes de aderir a qualquer oferta, é bom lembrar que não existe dinheiro fácil. E você, vai cair nessa ou vai questionar o que realmente está por trás dessas medidas?

Roberto Tomé
A nova aposta do governo para aliviar o bolso do trabalhador brasileiro já está movimentando milhões. O empréstimo consignado para trabalhadores da CLT, lançado oficialmente na última sexta-feira, já passou de 40 milhões de simulações e fechou 11 mil contratos. O FGTS entra como garantia, e o desconto vão direto do contracheque. Parece uma jogada certeira, né? Mas é preciso ir além dos números bonitos e analisar as intenções e consequências desse “presente”.
O governo e o desespero por popularidade
O momento não é dos melhores para o Lula. Com popularidade em baixa e pressão crescente por soluções econômicas, o governo tenta se vender como amigo do trabalhador. A ministra Gleisi Hoffmann, em uma jogada de marketing escancarada, foi às redes sociais dizer que “se o orçamento apertou e os juros estão altos, pegue o empréstimo do Lula”. E Lula reforçou o discurso, aconselhando os beneficiários a usarem o dinheiro para pagar dívidas. Mas essa solução é realmente viável ou somente empurra os trabalhadores para um endividamento ainda maior? Afinal, se é para pagar divida se endividando, qual a solução deste plano populista, endividar cada vez mais os cidadãos trabalhadores que recebem um salário de miséria?
O consignado CLT é um alívio real ou uma armadilha?
Vamos aos fatos: os trabalhadores poderão usar até 10% do saldo do FGTS e 100% da multa rescisória em caso de demissão. Parece bom, mas tem pegadinhas. Se o trabalhador for demitido, o banco tem o direito de pegar o FGTS e a multa para cobrir o empréstimo. Ou seja, em vez de sair do emprego com um fundo de emergência, o trabalhador pode sair com nada.
E tem mais: essa iniciativa entra em choque direto com os esforços do Banco Central para controlar a inflação. Mais dinheiro circulando significa mais pressão nos preços. E quem mais sofre com a inflação? Isso mesmo, o próprio trabalhador que agora tem acesso ao “crédito fácil”.
Populismo e economia: Um casamento perigoso
Não é de hoje que medidas populistas são usadas para mascarar problemas estruturais. Além do consignado CLT, o governo também aposto na isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. No papel, parece uma bela iniciativa. Na prática, pode piorar a situação fiscal do país e gerar novas pressões inflacionárias.
O próprio Banco Central já alertou que essas medidas podem aquecer ainda mais a economia e empurrar os preços para cima. E não é só isso: o endividamento das famílias já é preocupante, e colocar mais crédito na mesa pode fazer com que muita gente caia em uma armadilha financeira ainda maior.
O real impacto no bolso do trabalhador
Os defensores da medida dirão que a economia vai bem: o consumo das famílias cresceu 8,8% em 2024, o salário mínimo atingiu um patamar recorde e o desemprego está baixo. Mas será que isso justifica estimular ainda mais o crédito? Se a economia estivesse tão saudável, as pessoas precisariam se endividar para pagar as contas?
O Brasil já viu esse filme antes. Medidas de curto prazo criam um suspiro momentâneo, mas os problemas estruturais seguem lá. O trabalhador pode até respirar aliviado por um instante, mas a conta sempre chega. E, geralmente, ela vem acompanhada de juros altos e de uma inflação descontrolada.
E agora, trabalhador?
A pergunta que fica é: você realmente precisa desse crédito ou estão empurrando você para um endividamento desnecessário? O governo Lula quer se vender como seu aliado, mas até que ponto essa ajuda não é apenas uma estratégia política para conter a queda de popularidade?
Antes de aderir a qualquer oferta, é bom lembrar que não existe dinheiro fácil. E você, vai cair nessa ou vai questionar o que realmente está por trás dessas medidas?