Nacional
Num é só um ovo, não. É o retrato do poder que se criou por conta própria

Por Roberto Tomé
Rapaz… o que tem nessa imagem aí num é aquele ovinho de feira, nem de galinha caipira. É um Ovo sério, cabuloso, vestido com uma toga preta que mais parece capa de superpoder. Tá ali, parado, de olhos fechados, sem dar um pio, mas dizendo tudo no silêncio. Num tem boca, mas tem autoridade. Num tem braço, mas segura o peso do Estado nas costas redondas.
O fundo, vermelho que só o juízo. Sem bandeira, sem brasão, sem nada que lembre o povo. Aquilo num é tribunal, é altar. O vermelho parece sangue que foi derramado com “autorização superior”. É como se o Ovo tivesse virado profeta da justiça, e num desses cultos de silêncio, fosse ele quem mandasse na história.
E a toga, visse? Num é só pano, não. Aquilo ali é armadura. A casca do Ovo já foi frágil um dia, mas agora parece de aço. Num é mais um alimento. É um símbolo. Um “ser supremo” que largou a frigideira pra subir no pedestal.
Olhos fechados, concentrado, parecendo dizer: “Num carece de ver ninguém, que eu já sei de tudo. Já julguei. Já decidi.” É como se tivesse baixado um espírito dentro daquele Ovo, o espírito do mando. A imagem não quer ensinar, quer dominar. É pra você olhar e baixar a cabeça, sem nem entender direito por quê.
Num tem povo, num tem conversa, num tem apelação. Só ele, no meio da tela, com cara (ou casca) de quem já decidiu o destino de todo mundo. Num fala, mas cala. Num grita, mas assusta. E o pior: todo mundo em volta parece aceitar.
É o poder num formato oval, meu amigo. Redondo, liso, sem ponta pra questionar. Num se debate mais, só se acata. O Ovo virou juiz, dono da verdade, dono da razão. E a gente? Só assiste, calado, com medo de pisar na casca errada.
Esse Ovo aí, visse… num veio do galinheiro. Veio do coração do poder. E agora, com essa toga, num quer mais ser parte da receita — quer ser o prato principal. E quem discordar… já tá frito.