Segurança Pública
Exército brasileiro surpreende e dá um passo ousado e inédito ao excluir empresas dos EUA da licitação milionária para aquisição de drones de ataque
Exército Brasileiro rompe com os EUA e mira novos fornecedores de drones de ataque: Decisão inédita de excluir empresas americanas de licitação muda cenário da defesa nacional

O Exército do Brasil deu um passo ousado e inédito ao excluir empresas dos Estados Unidos da licitação para aquisição de drones de ataque. A medida surpreende tanto pela mudança de postura quanto pelas implicações estratégicas que ela carrega. Em tempos de guerra tecnológica, onde os drones são protagonistas dos campos de batalha, essa decisão aponta para uma nova direção na política de defesa brasileira.
Enquanto outras nações com orçamentos significativamente menores já contam com drones armados em operação, o Brasil — apesar de seus vastos recursos — ainda não possui esse tipo de equipamento em uso ativo nas Forças Armadas. A recente iniciativa do Exército pode, finalmente, mudar esse cenário.
Drones armados mudam o rumo das guerras modernas destruindo alvos estratégicos com eficiência cirúrgica
Os drones armados transformaram o modo como guerras são travadas. Seu custo reduzido e alta eficiência os tornaram indispensáveis em conflitos assimétricos e operações de grande escala. Um exemplo recente é o conflito entre Rússia e Ucrânia, no qual drones de combate se mostraram decisivos ao atacar alvos estratégicos com precisão cirúrgica — incluindo veículos blindados, depósitos de munição e centros de infraestrutura crítica.
A principal vantagem operacional dos drones está no fato de que essas aeronaves não tripuladas executam missões complexas sem expor pilotos humanos ao risco. Isso representa não só uma economia de recursos humanos altamente especializados, mas também uma significativa redução de custos operacionais em comparação a aviões de ataque tradicionais.
Além disso, por serem menores e emitirem menos calor, os drones são mais difíceis de detectar por radares convencionais. Essas características fazem deles uma alternativa altamente atrativa tanto para grandes potências quanto para países com orçamentos de defesa mais modestos.
Países com menos recursos que o Brasil já operam drones armadosO impacto dos drones é tão marcante que até nações com infraestrutura militar limitada passaram a adotá-los. Países como Burkina Faso, Djibuti, Etiópia, Quirguistão, Somália e Togo já integram drones de ataque às suas forças armadas. Esses exemplos evidenciam o atraso do Brasil nessa área, considerando que o país tem um orçamento de defesa várias vezes superior ao desses estados.Apesar de a Força Aérea Brasileira (FAB) operar modelos como o Hermes 450, Hermes 900 e o Heron 1 — todos de origem israelense e capazes de receber armamentos — essas aeronaves ainda são utilizadas exclusivamente para missões de vigilância. A decisão de não armá-los permanece sem explicações oficiais, apesar de tais modelos já estarem homologados como drones de combate em Israel.
Marinha do Brasil também estagnada na adoção de drones de ataque
No caso da Marinha do Brasil, o cenário é igualmente estagnado. Apesar de possuir um navio-aeródromo ideal para operações com drones armados, até agora não há sinais de intenção em adotar esse tipo de tecnologia, seja por parte da frota, seja pelo Corpo de Fuzileiros Navais. Em um contexto global cada vez mais dominado pela guerra não tripulada, a falta de iniciativas chama atenção.
Exército brasileiro toma a frente e impõe condição estratégica
Diferente das outras forças, o Exército Brasileiro resolveu agir. Recentemente, a instituição abriu uma consulta pública com o objetivo de encontrar fornecedores de drones de ataque. No entanto, um ponto do edital se destacou: a exigência de que os equipamentos estejam isentos de qualquer restrição do ITAR (International Traffic in Arms Regulations), legislação americana que regula a exportação de armamentos e tecnologias militares.
A exigência foi oficializada em documento assinado pelo general de brigada Marcelo Rocha Lima, chefe do Escritório de Projetos do Exército. O texto afirma que os drones devem estar “prontos para comercialização sem restrições relativas ao ITAR”, o que significa, na prática, a exclusão automática de qualquer produto de origem americana — e também de equipamentos fabricados em outros países que utilizem componentes dos EUA.
Entenda o ITAR e por que isso afeta o Brasil
O ITAR é um mecanismo de controle que permite ao governo dos EUA bloquear a venda de equipamentos militares para países que estejam fora de sua aliança estratégica. Ou seja, mesmo que uma empresa de outro país seja a fornecedora do drone, se o equipamento incluir tecnologia americana, ele ainda poderá ser vetado.
Essa dependência é vista com crescente preocupação no Brasil, sobretudo diante das tensões geopolíticas e do risco de embargos repentinos. O Exército, ao optar por drones “ITAR-free”, sinaliza uma busca por autonomia e soberania na sua capacidade de defesa.
Motivos por trás da exclusão dos EUA
A decisão do Exército pode ter sido motivada por múltiplos fatores. Um deles é o posicionamento ambíguo de setores do governo norte-americano em relação ao Brasil. Durante o governo Trump, por exemplo, vozes influentes classificaram o Brasil como aliado de regimes autoritários, como Rússia e China — ambos parceiros no bloco BRICS.
Além disso, episódios históricos de negação de acesso a tecnologias militares avançadas por parte dos EUA aumentaram a desconfiança dentro das Forças Armadas. Vídeos e documentos amplamente divulgados nas redes destacam momentos em que os Estados Unidos impuseram obstáculos ao desenvolvimento da indústria de defesa nacional.
Especificações técnicas exigidas pelo Exército brasileiro
O Exército Brasileiro busca um drone com as seguintes características:
- Peso máximo de decolagem: 700 kg
- Altitude operacional: 18.000 pés
- Alcance mínimo: 300 km sem uso de satélites (comunicação direta com a base)
- Capacidade de lançar dois mísseis ou quatro foguetes guiados
- Equipamento totalmente livre de componentes sujeitos ao ITAR
- Modelo já operacional (sem estar em fase de protótipo ou testes)
Essa última exigência elimina os drones brasileiros da disputa, incluindo o Stella Aobba, ainda em processo de homologação para uso com armamentos.
Drones russos, turcos e iranianos estão fora da disputa
O modelo russo mais próximo dos requisitos, o War-O-E, excede o limite de peso estabelecido. O turco Bayraktar TB2, embora consagrado em combate, contém peças críticas americanas, como sistemas de orientação e rastreamento. O iraniano Mohajer-6, utilizado inclusive na Venezuela, possui 82% de seus componentes originários dos EUA, obtidos por meio de triangulações ilegais — algo que jamais seria aceito pelo Exército brasileiro.
Restam apenas dois candidatos: China e Israel
Diante das restrições impostas pelo ITAR, dois países ainda podem atender plenamente aos requisitos do Brasil: China e Israel. Ambos possuem modelos testados e operacionais que se encaixam nas exigências da licitação.
- Rainbow CH-3 (China)
- Hermes 450 (Israel)
No entanto, a situação diplomática pode afetar as escolhas. O governo brasileiro recentemente cancelou a compra de obuseiros israelenses da empresa Elbit Systems, em protesto às ações de Israel na Faixa de Gaza. Caso essa postura se mantenha, a China pode se tornar a única opção viável.
Comparativo técnico entre os modelos
Países operadores
Ambos os modelos possuem histórico de exportações consolidadas e são utilizados por várias nações. No caso chinês, o número inclui também variantes da família Rainbow.
Capacidade de armamento
Tanto o CH-3 quanto o Hermes 450 transportam até 180 kg de carga útil. Porém, o modelo israelense leva vantagem nos pontos de fixação: são quatro hard points, contra dois do drone chinês. Isso permite ao Hermes carregar quatro foguetes ou dois mísseis, exatamente como deseja o Exército.
Alcance dos mísseis
Ambos utilizam mísseis com alcance de 8 km. O Hermes 450 é compatível com o míssil Spike — já em uso pelo Exército Brasileiro em sua versão terrestre —, o que pode facilitar a integração operacional.
Altitude e velocidade
O Rainbow CH-3 voa mais alto (quase 23.000 pés) e é também mais rápido, superando os 250 km/h. Isso lhe confere alguma vantagem em missões que demandem evasão de artilharia antiaérea ou guerra eletrônica.
Custo-benefício
O ponto decisivo pode ser o preço: o Hermes 450 custa aproximadamente metade do valor do CH-3. Para um país que investe apenas 1% do seu PIB em defesa, essa diferença pode ser determinante.
Qual drone o Exército brasileiro deve escolher?
A escolha final dependerá tanto de critérios técnicos quanto de decisões políticas. A relação com Israel pode impedir a aquisição do Hermes 450, enquanto a China, embora atenda aos requisitos, traz outras implicações estratégicas. O fato é que o Exército Brasileiro está diante de uma oportunidade única para modernizar sua capacidade de combate, abandonando a dependência de tecnologias controladas pelos EUA.