Segurança Pública
Exército Brasileiro forma novos pilotos de elite: pela primeira vez, uma mulher conquista o título mais cobiçado da aviação militar brasileira
Eles pilotam em selvas, montanhas e zonas de conflito. Após um dos cursos mais exigentes do Exército, novos pilotos se formam em Taubaté e agora integram a elite da aviação militar terrestre brasileira

Enquanto a maioria dos brasileiros começa o dia em meio à rotina comum, um seleto grupo de militares vivia um momento único e altamente simbólico em Taubaté, no interior de São Paulo.
No coração do Comando de Aviação do Exército, foi realizada a cerimônia de conclusão do curso mais desafiador da aviação militar terrestre no Brasil: o Curso de Piloto de Aeronaves (CPA) 2024/2025.
A solenidade, que aconteceu no dia 11 de abril de 2025, reuniu autoridades militares, familiares e integrantes da aviação do Exército para celebrar a formação de mais uma turma de pilotos capacitados a operar helicópteros em missões de alto risco por todo o território nacional.
A elite da aviação do Exército
O CPA é considerado um dos cursos mais exigentes da Força Terrestre, responsável por preparar os novos oficiais aviadores que atuarão em operações críticas, como resgates, transporte de tropas e apoio logístico em áreas de difícil acesso.
Realizado no Centro de Instrução de Aviação do Exército (CIAvEx), em Taubaté (SP), o curso tem duração aproximada de um ano, combinando instruções teóricas, simulações e centenas de horas de voo real.
Os militares selecionados passam por uma formação intensa, que inclui desde meteorologia e navegação até procedimentos de emergência e combate em ambiente aéreo. A exigência física e psicológica é altíssima, e muitos não chegam até o final.
Segundo o próprio Exército Brasileiro, os formandos do CPA fazem parte de um grupo de elite, altamente treinado para enfrentar desafios em cenários extremos, como a Floresta Amazônica, o Pantanal e zonas de conflito urbano.
Primeira mulher quebra barreira histórica
A grande novidade da turma CPA 2024/2025 foi a presença da 1ª Tenente Emily Braz, que se tornou a primeira mulher da história a concluir com sucesso todas as etapas do Curso de Piloto de Aeronaves da Aviação do Exército Brasileiro.
A militar conquistou oficialmente o posto de piloto de helicóptero de combate, após vencer um dos processos formativos mais exigentes das Forças Armadas.
Seu feito inédito, registrado em abril de 2025, representa uma virada simbólica e operacional na Aviação do Exército, que pela primeira vez forma uma mulher entre seus pilotos de elite.
Durante a cerimônia, Emily Braz foi reconhecida como exemplo de superação e competência técnica, sendo aplaudida de pé por autoridades, familiares e colegas de farda.
Oficiais presentes destacaram que a conquista da tenente abre caminho para que mais mulheres ocupem funções estratégicas e operacionais no Exército Brasileiro.
“Essa vitória não é só minha. Ela é de todas as mulheres que sonham em alcançar o que antes parecia impossível”, declarou Emily, emocionada, após a cerimônia.
Uma tradição de excelência
O Comando de Aviação do Exército (CAvEx), criado em 1986, é a base da aviação militar terrestre no Brasil. Desde então, Taubaté se consolidou como o principal polo de formação de pilotos militares da Força Terrestre.
A cidade abriga não apenas o centro de instrução, mas também esquadrões operacionais com helicópteros como o HM-4 Jaguar (versão brasileira do Eurocopter EC725), o Pantera K2 e o tradicional Esquilo.
Essas aeronaves são fundamentais para operações conjuntas com outras forças, especialmente em missões de ajuda humanitária, combate a desastres naturais e apoio à segurança pública em grandes eventos.
Durante a formatura, os novos aviadores receberam a tão sonhada insígnia de piloto, um símbolo de coragem, dedicação e excelência técnica. O evento também incluiu homenagens aos instrutores e discursos de lideranças do Exército, destacando a importância da aviação militar na defesa da soberania nacional.
Papel estratégico e multifuncional
Os pilotos do Exército Brasileiro não atuam apenas em combates armados, mas cumprem funções estratégicas em tempos de paz, como o transporte de vacinas, atendimento médico em regiões remotas e apoio a operações da Defesa Civil.
Durante a pandemia de COVID-19, por exemplo, os helicópteros do Exército foram essenciais no transporte de oxigênio para o Amazonas e na logística de vacinação em áreas indígenas.
Além disso, a atuação em grandes operações, como a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), frequentemente depende do apoio aéreo de pilotos treinados no CPA.
A versatilidade da aviação do Exército transforma seus pilotos em peças-chave da estrutura de segurança nacional.
Rigor e meritocracia
O ingresso no CPA exige aprovação em rigorosos processos seletivos. Oficiais do Exército que desejam se tornar pilotos precisam demonstrar desempenho excepcional em testes físicos, psicológicos e teóricos.
Durante o curso, a avaliação é constante. Aqueles que não atingem o padrão de excelência podem ser desligados a qualquer momento.
Isso garante que apenas os mais preparados completem a formação, fortalecendo o compromisso da Força Terrestre com a qualidade e a segurança de suas operações aéreas.
O CPA não é apenas uma etapa na carreira militar — é uma conquista que poucos conseguem alcançar.
O que diferencia um piloto do Exército de outros aviadores?
Enquanto a Força Aérea Brasileira (FAB) forma pilotos voltados principalmente para o controle do espaço aéreo e combate aéreo, os pilotos do Exército são treinados para atuar mais próximos do terreno.
Isso significa que o piloto do Exército precisa dominar o voo em baixas altitudes, pousos em locais improvisados, extração de feridos e apoio direto às tropas em solo.
Além disso, operam em ambientes hostis, como selvas, montanhas e áreas de conflito armado, frequentemente enfrentando condições climáticas severas e desafios logísticos extremos.