Nacional
“O Calvário de um Homem Só: entre pedras, espinhos e silêncios”
Jair Bolsonaro e a travessia de um sertanejo moderno pelas veredas da Justiça brasileira

Por Roberto Tomé
Destaque:
Acusado, julgado e condenado pela opinião pública antes mesmo do galo cantar, o ex-presidente enfrenta uma maré de perseguições que, para muitos, lembra mais um linchamento político do que um julgamento justo. Seria essa a democracia que queremos ou somente um espelho torto da vingança ideológica?
No sertão, todo mundo conhece a dor de atravessar um tempo de seca. Quando o céu se fecha e a terra racha, o matuto não reclama: ele reza, espera e segue. Tem quem chame isso de fé, tem quem diga que é teimosia. Mas quem já apanhou da vida sabe que continuar é resistência.
Assim caminha hoje o ex-presidente Jair Bolsonaro: meio calado, meio acusado, meio crucificado por uma parcela do país que não quer apenas cobrar, mas apagar. Quem vê de longe até pensa que ele já foi julgado, condenado e esquecido — mas não é bem assim.
Aos olhos de muitos, Bolsonaro virou uma espécie de símbolo a ser destruído. Uma figura que incomoda, que provoca, que resiste — e que, por isso, precisa ser silenciada. Mas o que se vê, no fundo, é uma caçada: um cerco que mistura militância raivosa, acusações mal explicadas e julgamentos com gosto de revanche.
Na simbologia que o sertanejo entende bem, essa história lembra a da Paixão: o cabra que, mesmo após liderar multidões, acaba sozinho, carregando nos ombros a cruz das decepções e das traições. Os seus, muitos deles, se dispersaram. Uns negam, outros se calam. Poucos ainda seguem com fé, esperando um milagre — ou pelo menos um julgamento justo.
Os militantes da esquerda radical, com o verbo afiado e a sede de revanche, lembram aquela turba antiga que gritava “crucifica” sem querer saber dos fatos. O julgamento vira teatro. A prova, quando aparece, já vem forjada. A defesa? Às vezes nem se escuta. É como se a Justiça, pressionada por paixões ideológicas, tivesse virado personagem coadjuvante num espetáculo de narrativas.
Instituições que deviam ser firmes e equilibradas lavam as mãos como Pôncio Pilatos, temendo o peso das redes sociais, dos coletivos, dos gritos organizados. E o Brasil, país de promessas e fraturas, vai se tornando uma democracia de fachada — onde só tem voz quem fala o que convém.

O barco da Justiça, nesse mar revolto de polarizações, parece à deriva. E quem ousa remar contra, como Bolsonaro, acaba virando alvo. Não se trata de defender ou idolatrar. O que se cobra aqui é algo simples: justiça com equilíbrio, sem fanatismo nem perseguição. Um processo limpo, onde o acusado possa se defender e a verdade venha antes do veredito.
Mas, hoje, o que se vê é outra coisa. Um jogo bruto, uma caçada institucional, um silêncio cúmplice. O país que tanto fala em democracia começa a se parecer com uma terra onde só há lugar pra um lado. E quem discorda, paga o preço — com processo, com censura, com silêncio imposto.
Bolsonaro, nesse cenário, virou o bode expiatório da vez. Um símbolo que precisa ser derrubado para que outros possam reinar. Mas a história, essa danada teimosa, já mostrou que perseguição nunca foi caminho de justiça. E que a verdade, mesmo pisada, uma hora levanta a poeira e aparece.
No sertão, tem um ditado: “o injustiçado pode até perder a pele, mas nunca perde a dignidade.” Resta saber se o Brasil, neste novo tempo de inquisições modernas, ainda tem coragem de ouvir ambos os lados antes de decidir quem é o vilão e quem é o herói.