Internacional
OIM pede soluções duradouras para deslocados em Moçambique

Durante visita ao país, vice-chefe da Organização Internacional para Migrações apelou por aumento no financiamento para desenvolvimento sustentável; nos últimos seis meses, seca severa, agravada pelo El Niño, deslocou mais 10 mil pessoas.
De acordo com o Índice Global de Risco Climático, Moçambique está entre os vinte países mais expostos a desastres em todo o mundo. Entre 2019 e 2024, tragédias recorrentes deslocaram mais de 140 mil pessoas, destruíram casas e sobrecarregaram infraestruturas frágeis.
Em uma visita de três dias ao país, a vice-diretora-geral de Operações da Organização Internacional para as Migrações, OIM, ouviu em primeira mão vítimas de desastres e líderes comunitários.
Ciclones mais frequentes
Ugochi Daniels também se reuniu com altos funcionários do governo, assim como com doadores, parceiros e outros funcionários da ONU. Ela fez um apelo por aumento do financiamento para o desenvolvimento sustentável, a fim de ajudar as comunidades moçambicanas que enfrentam o deslocamento induzido pelo clima.
Em Moçambique, só nos últimos seis meses, a seca severa, agravada pelo El Niño, e a insegurança alimentar, deslocaram mais de 10 mil pessoas.
Os choques climáticos estão aumentando em frequência e gravidade. Em apenas três meses, os ciclones Chido, Dikeledi e Jude afetaram mais de um milhão de pessoas.
O aumento das temperaturas, a irregularidade das chuvas e a elevação do nível do mar agravam os riscos enfrentados por comunidades que já vivem em pobreza crônica e habitação inadequada.
Soluções impulsionadas pelas comunidades
A vice-chefe também reafirmou o compromisso da OIM em encontrar soluções duradouras para a população moçambicana. Ela ressaltou o encontro que teve na Beira com mulheres e líderes locais.
Segundo Daniels, elas lembram que as soluções mais sustentáveis são aquelas impulsionadas pelas próprias comunidades, e que o papel da agência é “ouvir, apoiar e ampliar seus esforços.”
A OIM Moçambique está apoiando a reparação e reconstrução de mais de 6mil casas por meio do Projeto de Recuperação e Resiliência de Emergência dos Ciclones Idai e Kenneth, Cerrp, na Beira.
Construções mais resilientes
O projeto combina técnicas de construção resilientes, liderança comunitária e proteções ambientais. Com financiamento do Banco Mundial e coordenação do governo, a iniciativa é implementada em parceria com a ONU-Habitat.
O objetivo é combinar expertise técnica com conhecimento local para fortalecer a resiliência a longo prazo.
A agência destaca que os esforços de recuperação não se limitam à infraestrutura. O foco do projeto é a capacitação de artesãos locais em técnicas de construção resilientes, fomentando o emprego e garantindo casas mais seguras e adaptadas ao clima.
Segundo a chefe da Missão da OIM Moçambique, Laura Tomm-Bonde, a recuperação é feita com as comunidades e lideradas por elas.