Educação & Cultura
Pesquisa apoiada pela Fapesq destaca a importância em refletir e agir contra o racismo na infância

Projeto de pesquisa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) mapeou, analisou e propôs caminhos para o enfrentamento do racismo nas práticas educativas especiais, principalmente, na formação de profissionais da educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental no estado da Paraíba. A pesquisa integrou o Programa Primeiros Projetos – PPP, que conta com o apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq), sob a cooperação de Diego dos Santos Reis, professor doutor do Departamento de Fundamentação da Educação, do Centro de Educação da UFPB.
A pesquisa se desenvolveu entre 2021 e 2024 e foi realizada em diagnósticos, produções científicas e materiais educativos que impactam diretamente a formação de docentes e profissionais de instituições públicas de educação do estado. Segundo afirmou o coordenador do projeto, o apoio da Fapesq foi fundamental para as metas do projeto. A pesquisa recebeu R$ 20 mil, que possibilitou a aquisição de materiais essenciais, estrutura de apoio à equipe e a produção dos materiais pedagógicos necessários à pesquisa. “O investimento garantiu que os objetivos propostos fossem realizados com qualidade e profundidade, gerando resultados com impactos concretos na pesquisa e na educação paraibanas”, enfatizou Diego Reis.
O projeto inseriu-se no contexto mais amplo de uma série de pesquisas sobre a formação de professores em consonância ao disposto pela Lei Federal 10.639/03, que se tornou obrigatório o ensino de cultura e história afro-brasileiras nas redes públicas e privadas do país. Com o objetivo de acompanhar as reflexões impulsionadas pela promulgação da Lei e as estratégias mobilizadas para sua efetivação, bem como de subsidiar o debate sobre a Educação das Relações Étnico-raciais (ERER), procedeu-se, inicialmente, ao levantamento da produção científica relativa ao racismo e à ERER, especialmente direcionado às crianças, a fim de caracterizar o conjunto de trabalhos desenvolvidos no estado da Paraíba sobre as temáticas na tela da Educação nos últimos 20 anos.
A partir do balanço quantitativo e dos quadros elaborados, foram pensados os desafios a serem enfrentados na formação docente e no desenvolvimento de práticas educativas antirracistas externas às infâncias paraibanas, a fim de construir referenciais para abordagem da temática étnico-racial na Educação Infantil e nos anos de iniciação do Ensino Fundamental.
De acordo com o pesquisador Diego Reis, a motivação do projeto foi ancorada no reconhecimento da urgência em enfrentar o racismo desde os primeiros anos da formação, considerando, especialmente, as lacunas de uma formação inicial e continuada que tratam das temáticas com mais densidade e implicação pedagógica. A pesquisa foi desenvolvida no Centro de Educação da UFPB, com apoio de professores, pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação, membros do Travessias – Grupo de Pesquisa em Filosofia e Educação Antirracista (CNPq/UFPB). O trabalho incluiu revisão de literatura, análise documental e elaboração de uma cartilha educativa, voltada para a formação continuada de educadores da rede pública de João Pessoa.
O projeto encontrado em oficinas, apresentações e produção científica diversa, contribuindo fortemente para práticas educativas transformadoras. A pesquisa foi apresentada em eventos científicos e dialogados com ações formativas da Secretaria de Educação de João Pessoa. Como resultados, destacam-se o diagnóstico das práticas escolares antirracistas na Paraíba; publicação de artigos em periódicos e capítulos de livros; a distribuição de 500 exemplares da cartilha educativa, com impacto direto na formação docente; o fortalecimento do intercâmbio entre universidade e sociedade.
A relevância do projeto se explicita tanto na ampliação da produção do conhecimento científico quanto em sua aplicação prática, ao contribuir para uma formação crítica e antirracista de profissionais da educação do estado, destacou Diego. A pesquisa resultou na criação de uma biblioteca antirracista, com mais de 200 livros que abordam a temática da educação das relações étnico-raciais, subvencionada pela Fapesq.