Segurança Pública
Vida real após a ESA: saiba como é o dia a dia, o salário e os desafios de um Sargento formado
A formação termina, mas a jornada está apenas começando: veja como é o dia a dia, os ganhos, os desafios e as oportunidades na vida de um sargento ESA

Muita gente encara o desafio de passar no concurso da ESA com foco total na aprovação. Estudar por meses (ou anos), se prepara fisicamente, mentalmente e emocionalmente. Mas, depois da formação, quando a farda de aluno dá lugar ao posto de terceiro-sargento, começa uma fase nova e bem diferente da que se vive dentro da escola.
Neste artigo, você vai entender o que realmente muda quando se torna um sargento . Vamos falar sobre salário, benefícios, rotina, transferências, cursos e até experiências reais de quem passou por isso. Se você sonha em vestir a farda, se prepare: o que vem depois da formatura pode ser ainda mais intenso.
Do aluno ao profissional: quanto ganha um SARGENTO DA ESA?
Quando o aluno está na ESA, o salário gira em torno de R$1.300 por mês, mais alguns benefícios básicos. Mas assim que se forma no mês seguinte à cerimônia, o recém-formado já passa a receber como sargento. A média salarial inicial é de R$5.000, podendo variar conforme a região onde ele for servir, se possui dependentes e se exerce funções específicas.
Mas não para por aí: além do novo salário, o militar recebe outros valores importantes. A ajuda de custo pela transferência para a nova unidade pode ultrapassar os R$30 mil. Soma-se a isso o auxílio fardamento, que corresponde a cerca de um soldo e meio, e ainda há quem receba um bônus para fazer o Curso Básico Paraquedista, se optar por seguir esse caminho. Ou seja, é comum que, logo após a formação, o sargento receba mais de R$40 mil líquidos em pouco tempo. Para quem nunca viu tanto dinheiro na conta, é uma mudança de vida.
Apresentação na unidade e início das funções militares
Após a formatura, o sargento recém-formado deve se apresentar à unidade que escolheu ainda durante o período de qualificação na ESA, geralmente em outubro do ano anterior. A escolha da unidade é feita com base na nota final, e cada militar monta sua lista de prioridades, sendo alocado conforme sua classificação.
Chegando à nova unidade, o sargento pode iniciar sua carreira com um período de férias, principalmente se não tiver feito o Curso Paraquedista. Já os que optam por esse curso, se apresentam somente após sua conclusão e uma pequena licença. É nessa etapa que a vida militar propriamente dita começa: novos chefes, novas responsabilidades e uma nova realidade longe do ambiente escolar.
As primeiras funções (e as mais trabalhosas)
Nos primeiros meses e até anos na unidade, é comum que o sargento da ESA recém-formado fique com as funções mais trabalhosas e menos desejadas. Isso é parte da cultura militar. É ele quem vai lidar com o grosso da formação dos soldados recrutas, elaborar documentações diárias, preencher relatórios e assumir tarefas rotineiras como escala de serviço e apoio administrativo.
É uma fase de adaptação e aprendizado. Por mais que sejam funções pesadas, é onde se aprende, na prática, a liderar, gerenciar e ensinar. Nessa etapa, o militar desenvolve o que se espera de um líder de grupo: firmeza, clareza, comprometimento e exemplo. E como o tempo é o maior aliado do militar, aos poucos essa carga vai sendo redistribuída com a chegada de novos sargentos na unidade.
Missões operacionais e experiências marcantes
A depender da unidade escolhida, o sargento pode viver uma rotina mais burocrática como em batalhões administrativos ou altamente operacional, com missões intensas em áreas de risco. No Rio de Janeiro, por exemplo, muitos sargentos participam de operações em comunidades e favelas, atuando em parceria com outras forças de segurança.
Essas experiências são marcantes e, para muitos, se tornam um divisor de águas na carreira. Além das ações nacionais, há também a possibilidade de participar de missões internacionais, como a realizada no Haiti em 2015. Nessas ocasiões, o militar representa o Brasil fora do país, ganhando não só experiência, mas reconhecimento e preparo para desafios maiores.
Cursos, estágios e a rota da especialização
Ao sair da ESA, o militar está apto a buscar diversos cursos de especialização que não estavam disponíveis durante a formação. Entre eles estão os cursos de Guerra na Selva, Montanha, Comandos, Precursor Paraquedista, entre outros. Mas atenção: muitos desses cursos exigem que o militar esteja servindo em regiões específicas.
Quer fazer o curso de selva? Precisa estar alocado em uma unidade da região amazônica. Curso de montanha? Provavelmente vai precisar estar em Minas Gerais ou áreas de relevo elevado. Para Caatinga, o ideal é estar no Nordeste. Essa lógica geográfica influencia bastante as oportunidades, então quem deseja se especializar precisa planejar com antecedência sua movimentação.
Transferências ESA: a vida de quem roda o Brasil
Um dos pontos mais característicos da vida de um sargento da ESA é a possibilidade (e, muitas vezes, a obrigação) de ser transferido entre diferentes regiões do Brasil. Todo ano, o militar preenche seu plano de movimentação, indicando preferências para futuras lotações.
Em guarnições com déficit de efetivo como muitas no Nordeste, as chances de movimentação são maiores. Já regiões como o Rio de Janeiro, que estão sempre com o efetivo abaixo do ideal, tendem a reter seus militares por mais tempo. Por isso, quem deseja estabilidade ou quer retornar à sua cidade natal deve prestar atenção ao preenchimento do plano. Caso contrário, poderá ser transferido para uma unidade distante e com condições desafiadoras.
A vida após a ESA é cheia de oportunidades, desafios e também de recompensas. Para quem sonha com a estabilidade e a carreira militar, entender como é a rotina real de um sargento é essencial para tomar decisões com consciência e preparo.