Nacional
O grito encangado de sertão: Quando o povo cansado vira trovão e a justiça veste capa de carrasco
O sertão cansou de engolir calado a mentira institucionalizada, os abusos da toga e o silêncio comprado da imprensa. O povo nordestino grita, mesmo com medo, porque alguém precisa ter coragem de dizer a verdade

Por Roberto Tomé
Ê, Brasil véi de guerra…
Tu, que nasceste do suor do caboclo, da lágrima da mãe sertaneja e do canto do sanfoneiro na noite escura… tu que és mistura de poeira com esperança, de fé com chão rachado, de bandeira com calo na mão, hoje se encontra mais calado do que menino com medo de apanhar.
O sertanejo, cabra danado que é, aguentou seca, fome, abandono e promessa furada. Mas agora tá engasgado. É um silêncio que dói nos ouvidos e aperta o peito. Não é só a seca que castiga, é a injustiça que se espalha como carrapato em bezerro novo. É a ditadura de terno e gravata, metida a democrática, que persegue quem pensa com a cabeça e fala com o coração.

O matuto do sertão, que pode não ter diploma, mas tem sabedoria de sobra, já sentiu no cheiro do vento que tem trairagem demais sendo passada por “justiça”. Os que falam a verdade tão sendo calados, empurrados pro canto como se fossem pestes. E os que só vivem de mentira tão sendo aplaudidos como artista de circo.
E enquanto isso, os irmãos dos poderosos, que deviam era tá trancados atrás das grades, tão soltos por aí, rindo da cara do povo. Roubaram o dinheirinho dos aposentados, tiraram da boca do véi e da véia o pouco que tinham pra comprar o remédio, pagar a conta de luz e garantir um pãozinho com café. E cadê a justiça? Fecha os olhos, cruza os braços e ainda aplaude. Parece que no Brasil de hoje, só é criminoso quem discorda do comunista, quem ama a pátria e levanta a bandeira sem medo de ser chamado de louco.
É, minha gente, a democracia virou só de enfeite no discurso. Uma maquiagem pra esconder a perseguição e a censura que tão comendo pelas beiradas. Hoje, quem fala contra o sistema é chamado de terrorista. Quem discorda do pensamento único é visto como inimigo do povo. E a imprensa, que devia ser a guardiã da verdade, virou trincheira de militante de redação. Tem jornalista que trocou a coragem de informar pela covardia de agradar.
Mas o sertão não se dobra fácil. Pode até se calar por um tempo, mas não esquece. E quando resolve gritar, meu amigo, é melhor se segurar, porque o trovão que vem do interior derruba até palácio de mármore. É o grito da roça, da feira, da enxada, do velho rádio de pilha, da mãe que cria os filhos sozinha, do vaqueiro que não larga a esperança.
É fome na alma, mas é sede de justiça também. A gente planta o milho na fé, mas colhe o desprezo. A terra é seca, mas o coração é cheio de vontade de ver um Brasil melhor. Só que todo dia a luta aumenta: sem remédio nos postos, sem médico nos interiores, com jovem indo embora porque aqui não tem mais onde sonhar.
E a culpa não é da chuva que não cai. É do descaso que vem de cima. Dos governantes que fingem nos amar, mas só nos visitam a cada quatro anos, quando o voto vale mais que o pão. Depois somem, feito promessa de político em palanque.
Mas não pense que o povo tá vencido, não. O grito do sertão é de fé, é de coragem, é de um povo que não se cala diante da injustiça. A gente tá de pé, com o chapéu de couro na cabeça e o coração aceso feito lamparina na madrugada.
Esse grito é teu, radialista perseguido por falar demais. É teu, agricultor que perdeu a roça e ainda assim dividiu o pouco que tinha. É teu, professora que luta contra a doutrinação e quer ensinar liberdade de pensamento. É teu, nordestino, brasileiro arretado, que ainda acredita que esse país tem jeito — e que esse jeito não vem da covardia nem da mentira.
Acorda, Brasil! O sertão já se levantou. E quando o sertão grita, o Brasil todo escuta.
Despedida do Portal Informa Paraíba:
Do Portal Informa Paraíba, um recado derradeiro com o peito cheio de coragem:
Sabemos o risco que estamos correndo. Sabemos o peso que é falar a verdade nesse Brasil onde ser patriota virou crime e ser idiota virou cargo. Sabemos o quanto a perseguição é pesada, ainda mais quando é empurrada por “jornalista” que virou militante de redação, esquecendo o juramento de informar com verdade e justiça.
Sim, a gente teme.
Teme pelas nossas famílias, pelo nosso futuro, pelo que pode vir.
Mas alguém precisa ter coragem.
Ou pelo menos ter medo e mesmo assim continuar.
E é isso que estamos fazendo.
Aqui no Portal Informa Paraíba, a gente escolheu não calar.
Preferimos o grito que incomoda à mordaça que consola.
Preferimos ser matuto livre do que doutor vendido.
E seguimos firmes, com o coração do tamanho da seca, mas com fé do tamanho da chuva que há de vir.
Porque o sertão pode ser esquecido por muitos, mas nunca será calado por ninguém.
Do sertão, com amor, luta e fé. Portal Informa Paraíba, a voz que não se dobra.