ECONOMIA
Paralisia como estratégia? Alta da Selic acende alerta na indústria, trava economia e ameaça renda do povo

O Brasil parece tá se acostumando com o aperto no bolso. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central resolveu subir a taxa básica de juros (Selic) em mais 0,50 ponto percentual, botando ela em 14,75% ao ano — o maior patamar dos últimos 20 anos. A decisão, anunciada na última quarta-feira (8), caiu como um balde de água fria no setor produtivo, que já vinha sentindo o peso da desaceleração econômica.
De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a medida vai travar investimentos, encarecer o custo de produzir e reduzir a competitividade das empresas brasileiras. “A alta dos juros joga mais lenha na fogueira da recessão e ameaça ainda mais o emprego e a renda do povo”, disparou Flávio Roscoe, presidente da entidade.
Segundo ele, o agravamento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China vem puxando pra baixo o preço das commodities — produtos como minério e grãos que o Brasil exporta em peso. Com isso, o país sente o baque duplo: perde receita e, ao mesmo tempo, assiste a economia esfriar.
“A inflação tá controlada, sim, mas o preço disso pode ser a estagnação”, reforça Roscoe. “A gente tá vendo uma política monetária rígida num momento que o Brasil precisa é de fôlego, de crédito barato e de incentivo pra girar a roda da economia.”
E o povo no aperto
Enquanto o Banco Central pisa no freio, a promessa de isentar o Imposto de Renda pra quem ganha até R$ 5 mil segue parada nas comissões da Câmara dos Deputados. A proposta agrada o trabalhador, mas falta uma conta que feche: até agora, o governo federal não apresentou medidas de compensação fiscal convincentes pra bancar a renúncia.
A tal da “responsabilidade fiscal” virou discurso vazio. O Brasil segue registrando déficits acima da média dos países emergentes e empurrando a dívida pública com a barriga. É como se tivesse todo mundo vendo o muro lá na frente — e ninguém freando o carro.
CPMI do INSS: mais uma dor de cabeça no horizonte
Pra completar o cenário já tumultuado, a oposição se movimenta pra criar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) pra investigar o escândalo no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A base governista tenta barrar, mas a articulação avança pelos bastidores, alimentada por denúncias de fraudes bilionárias em benefícios, aposentadorias e auxílios.
O governo Lula, que enfrenta desgaste com a base no Congresso e dificuldades de avançar na agenda econômica, corre o risco de ver a paralisia institucional se tornar uma espécie de “estratégia involuntária”. E isso, por mais contraditório que pareça, talvez não seja o pior cenário — porque, na prática, o risco maior é tomar decisões erradas e empurrar o Brasil pra dentro de um buraco ainda mais fundo.
Reflexo no Sertão
No meio desse turbilhão, o sertanejo sente na pele: o dinheiro que chega é pouco, o que compra tá caro, e o emprego minguando. A vida do homem do campo e do trabalhador da cidade anda num sufoco só. Os juros altos batem direto na prestação do trator, no crédito do pequeno empreendedor, no parcelamento da moto e até no fiado do mercadinho.
Tá na hora do Brasil parar de brincar de austeridade e começar a discutir uma estratégia de crescimento com o povo no centro. Porque sem povo com dinheiro no bolso, não tem economia que ande, nem país que se levante.