FMI conclui visita a Cabo Verde sob otimismo com desempenho da economia

Sinais como crescimento econômico, inflação controlada e grande fluxo de turistas animam analistas e técnicos do Fundo; país que realiza eleições presidências em 2026 permanece vulnerável a choques externos de incertezas do comércio global.

Uma equipe do Fundo Monetário Internacional, FMI, concluiu uma visita a Cabo Verde, na terça-feira, para discutir uma avaliação da Linha de Crédito Ampliada, ECF na sigla em inglês.

O grupo também tratou da terceira avaliação do acordo do Mecanismo de Resiliência e Sustentabilidade, RSF, e as políticas e reformas econômicas a serem apoiadas pela extensão de ambos.

Reformas podem levar mais tempo

Após ser aprovada pelo Conselho Executivo do Fundo, poderá haver um desembolso de mais de US$ 16,6 milhões, nos dois acordos dependendo do progresso das reformas no âmbito do RSF.

Para o Fundo Monetário Internacional, a economia de Cabo Verde tem um bom desempenho, no momento, em parte devido ao turismo e às exportações, além do crescimento do consumo privado.

No ano passado, a economia cabo-verdiana cresceu 7,3% com inflação de 1% e registrou superávit em conta corrente.

O forte aumento da receita tributária, redução de despesas primárias e a relação dívida pública/Produto Interno Bruto, PIB, continua em declínio.

Segundo o Fundo, algumas reformas devem levar mais tempo que o esperado, mas o país está em bom caminho.

Redução da dívida e preço dos alimentos

Para este ano, espera-se um aumento do PIB para 5,2% já a inflação deve ficar na casa dos 2% e a médio prazo, em linha com a inflação da zona do euro.

Analistas apostam num desempenho fiscal sólido este ano, no qual o país terá uma trajetória fiscal alinhada com as metas de redução da dívida. Ajustes contínuos na política monetária, baseados em dados, podem ser necessários para proteger a paridade cambial e as reservas adequadas.

Mesmo com as perspectivas favoráveis, pode haver riscos negativos no horizonte.

Cabo Verde é vulnerável a choques externos, incluindo nos setores da energia, dos preços dos alimentos e do turismo, especialmente num contexto de elevadas incertezas no comércio global.

Subida do nível do mar

Em caso de desaceleração do crescimento global e interrupções na cadeia de abastecimento, Cabo Verde sofreria um impacto negativo no turismo, na inflação e no crescimento.

Outra ameaça são os riscos relacionados com o clima, como a subida do nível do mar e fenômenos meteorológicos extremos, que podem impactar a infraestrutura e a estabilidade econômica.

Mas o forte fluxo de turistas deverá continuar e impulsionar o crescimento. Em 2026, o país deve realizar eleições legislativas e presidenciais.