Politíca
Hugo Motta bota Ramagem no colo e larga Bolsonaro no meio do caminho: o jogo frio da proteção seletiva no Planalto

Por Roberto Tomé
Ôi cabra véi, senta que lá vem prosa das grandes, daquelas que bota pra lascar e dá nó até em pensamento de juízo torto. O presidente da Câmara Federal, o paraibano Hugo Motta, resolveu pisar com jeito no chão quente da política nacional, mas deixou poeira demais no rastro. Num movimento que parece coisa bem estudada, Motta decidiu proteger Alexandre Ramagem — aquele mesmo que vive nas rodas bolsonaristas — e ignorou solenemente o ex-presidente Jair Bolsonaro, que esperava um escudo pra si e pros seus.
O cabra foi lá, bateu na porta do Supremo Tribunal Federal (STF), mas só pediu arrego pra Ramagem. Nada de coletivo, nada de salvação geral. Resultado: o gesto foi visto como um tapa de luva de pelica, frio e calculado. O STF, que não é besta nem nada, deixou de lado essa de anular a bronca e manteve as acusações pesadas: tentativa de golpe, ataque à democracia, subversão da ordem institucional… E tudo mais que venha na bagagem de quem tentou meter o Brasil num redemoinho de autoritarismo.
Enquanto os aliados de Bolsonaro esperneavam, Hugo Motta lavava as mãos feito Pilatos, se fazendo de equilibrado e institucional. Política, meu povo, é que nem fogueira de São João: se tu não souber onde botar a lenha, se queima. Motta sabe onde quer chegar, e nesse trem, Ramagem tem lugar garantido. Já Bolsonaro… tá é no aperreio, encostado no banco do esquecimento.
Deu pano pra manga no STF
Agora veja: os ministros do STF não gostaram nadinha da ousadia de Hugo. O home recorreu da decisão da Corte por meio de uma ADPF (Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental), o tipo de ação que só entra em campo quando o jogo tá pesado mesmo. Mandou direto pro plenário, como quem diz: “vou até o fim por esse cabra”. A movimentação animou os bolsonaristas, que andam meio sem rumo, mas, cá entre nós, tudo indica que o Supremo vai é rejeitar esse pedido.
O que azedou de vez o caldo foi a nota que Motta soltou, acusando o STF de desrespeitar a independência dos Poderes. Disse que os 315 deputados que aprovaram a tal resolução estavam sendo ignorados. O STF ficou foi injuriado. Resultado? A tensão entre o Legislativo e o Judiciário tá mais apertada que calça em moça de 15 anos.
Eita, será que a China mudou o juízo do paraibano?
E aí, no meio dessa confusão toda, surgem os falatórios de bastidor, os cochichos nos corredores do Congresso, onde língua grande é o que não falta. Dizem que foi na tal viagem à China — onde Hugo Motta andou ladeado de Lula, Alcolumbre, Pacheco e Arthur Lira — que o cabra mudou de ideia. Antes, era defensor da moralidade, da justiça reta e da briga justa. Agora, só fala em “equilíbrio”, como se esse equilíbrio servisse pra pesar só de um lado. Justiça cega? Que nada. Tem gente dizendo que agora ela tá é vesga, só enxergando quem convém.
E o povo fica como? Assistindo de camarote o balé dos poderosos, onde quem tem prestígio recebe abraço e quem caiu em desgraça nem um aperto de mão.
No fim das contas…
Hugo Motta mostrou que política não é feita de fidelidade, e sim de cálculo. E se Bolsonaro esperava gratidão, ganhou foi distância. A real é que a “Nova Câmara” quer mesmo é mostrar força, mas sem arriscar o pescoço com os radicais. Ramagem é útil, serve ao jogo. Bolsonaro… é carta marcada.
E nós aqui, do sertão ao Planalto, só observando o vaivém dessa política arrodeada de esperteza, onde cada gesto vale mais que mil discursos. E como dizia vó Mariazinha, com seu bule no fogo de lenha: “quem num anda ligeiro, fica com o prato vazio”. Pois é. Hugo Motta andou ligeiro. Só resta saber quem vai ficar com fome nessa mesa de poder.
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