Nacional
Debate tem ataques, ironias e sorrisos entre Lula e Bolsonaro
Em meio a clima de tensão, discussão acabou sendo bem menos áspera do que a que se deu no primeiro turno
Em um debate bem menos tenso do que se esperava e com críticas duras, mas sem a baixaria que se viu no último encontro do primeiro turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) puderam discutir muito mais suas visões sobre os problemas do país e as contradições e divergências entre os dois em temas que interessam aos brasileiros. Não faltaram, claro, as alfinetadas e críticas mais duras, mas em um nível tão tolerável que houve apenas um pedido de direito de resposta de Lula aceito pela direção do programa. Sobrou até mão no ombro e risadas entre os dois candidatos.
Apesar das acirradas críticas, o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) e o candidato do PT Luiz Inácio Lula da Silva trocam sorrisos e até 'mão no ombro' durante debate na Band. Confira pic.twitter.com/3YzwM96SwH
— O Tempo (@otempo) October 17, 2022
Na história pós-redemocratização, nunca um debate foi aguardado com tanta expectativa e com um clima tão pesado nos bastidores. Diante das câmeras, porém, pesou muito mais o pragmatismo para evitar ataques abaixo da linha da cintura, em tom bastante diferente do visto na campanha eleitoral. Para isso também contou o formato, que permitia um diálogo mais aberto, frente a frente, com a possibilidade de que um candidato pudesse rapidamente contrapor o outro, o que de certa forma inibiu excessos de parte a parte.
No primeiro bloco, os candidatos tiveram meia hora de embate direto em que se tratou efetivamente de questões de país. Usando os primeiros 20 minutos com perguntas, Lula levou a discussão para o território que queria: o debate sobre a educação, perguntando quantas universidades e escolas técnicas o adversário fez – apontando que seu governo investiu muito mais –, e sobre a gestão da pandemia, na qual cada um deles apresentou sua versão defendendo vacina e isolamento, no caso de Lula, e tratamento precoce e medidas para equilibrar a economia, no caso de Bolsonaro.
O chefe do Executivo reagiu nos dez minutos finais, quando decidiu mudar de assunto e introduziu o tema da segurança pública, questionando o adversário sobre os motivos pelos quais seu adversário não transferiu Marcola, líder do PCC, para um presídio federal em 2006, após ataques a policiais em São Paulo.
O presidente também abordou a temática da transposição do São Francisco, na qual os dois candidatos trocaram argumentações sobre a autoria da obra.
No segundo bloco, com perguntas de jornalistas para os candidatos, Lula e Bolsonaro precisaram se manifestar sobre a relação com outros Poderes e sobre a proposta de ampliar o número de ministros da Corte Suprema. Os dois se colocaram contra. Também precisaram falar sobre as notícias falsas que estão predominando na campanha eleitoral, sobretudo no segundo turno. Neste caso, um culpou o outro pelas fake news que tanto giram..
No novo embate entre os dois candidatos no último bloco, Bolsonaro conseguiu manter por metade dos 30 minutos a discussão sobre o petrolão, apontando desvios na Petrobras durante o governo Lula. O petista tentou argumentar mostrando ações de seu governo contra a corrupção, mas acabou depois mudando o tema e levando às discussões sobre economia e meio ambiente.
Guardando tempo para o final, porém, o presidente conseguiu abordar bastante a temática do apoio do PT a regimes autoritários na América Latina. Coube a Lula um direito de resposta em que defendeu-se e citou a denúncia de “rachadinha” por Jair Bolsonaro.
Nas considerações finais, Bolsonaro falou para seu público, destacando a defesa da liberdade de expressão, as pautas ideológicas e a corrupção nos governos petistas. Já Lula citou a Lei da Liberdade Religiosa, acusou Bolsonaro de mentir e de atentar contra a democracia e os demais Poderes. No fim, em meio ao encontro selvagem que se esperava, ficou de bom tamanho.