Educação & Cultura
Aproveite o fechamento do semestre para planejar o próximo
Saiba como envolver a turma para consolidar os aprendizados e refletir o que foi possível fazer e o que ainda precisa ser trabalhado
Junho é um mês gostoso, mas que passa voando diante de tantas demandas que temos de dar conta, as de fechamento do semestre e as do novo que logo começa. Por isso é importante refletir um pouco sobre o que já fizemos, o que temos pela frente e (re)ver os planos e metas para a segunda metade do ano letivo.
Para fechar o primeiro semestre
A realização de uma assembleia de classe para encerrar é uma ótima estratégia, pois possibilita analisar o percurso da turma durante aquele período. Se é algo que nunca fez, não se preocupe! Veja abaixo algumas orientações para esse momento:
1. Organize com os alunos uma roda de conversa
Explique previamente o que será feito. Peça que eles pensem o que foi positivo, o que eles aprenderam, o que gostaram de fazer e o que levou ao avanço na aprendizagem.
2. Permita que todos expressem sua opinião
Especialmente aqueles mais quietos, que falam pouco. Não esqueça de anotar o que pontuarem.
3. Solicite que levantem os pontos negativos
Eles devem analisar o que dificultou os avanços de toda a turma para em seguida solicitar as sugestões do que fazer para melhorar. Utilize sempre a estratégia anterior, anote as respostas.
4. Leia em voz alta para o grupo o que foi registrado.
Em seguida, coloque em votação para aprovação do que foi combinado para resolver os problemas apontados e registrados por você. Depois afixe os combinados no mural da sala para que todos tenham acesso.
Outra estratégia para envolver as crianças no fechamento
Um caminho interessante é deixar na lousa um cartaz com as frases “eu elogio”, “eu critico” e “eu sugiro” para que todos, por um período determinado, possam escrever aspectos referentes ao percurso escolar. Depois dessa coleta, deve ser organizada uma assembleia para discutir o que foi apontado e criar um registro dos pontos que apareceram no grupo.
Se sua escola realiza conselhos participativos, o representante de classe pode levar esse registro para a reunião. Dessa forma, coletivamente, buscarão soluções para os problemas identificados e, posteriormente, levar para o restante da turma.
Se não for o caso de sua escola, utilize a assembleia como mais uma forma de promover a participação e protagonismo da turma. Esse tipo de reunião pode ser realizada mensalmente para conversar sobre os pontos levantados. Além de analisar se as soluções definidas no encontro anterior estão funcionando – e, se for o caso, podem pensar em outros caminhos.
Não esqueça da autoavaliação no final do semestre
A autoavaliação é um instrumento de avaliação que subsidiará suas reflexões para o próximo semestre. Ao propor que os alunos avaliem seu próprio desempenho possibilita que eles aprendam a olhar para si, desenvolvam o autoconhecimento e a autorregulação.
Se não costuma trabalhar com essa proposta em sua sala, sugiro que experimente. Ainda dá tempo de que cada um registre conquistas que conseguiu até o final do bimestre – o que aprenderam e o que conseguiram dar conta de cumprir dos combinados. Peça também que os estudantes elenquem os desafios, aquilo que ainda precisam melhorar para o próximo período. Aqui você encontra ideias para se inspirar e propor à turma.
Tenho uma colega que, assim como eu sempre fiz, realiza a autoavaliação diariamente. Ela elencou, com a turma, as três regras que precisavam ser trabalhadas. Cada um, ao final do dia, avalia se as cumpriu e atribui cores para elas – vermelho se não conseguiu respeitar; amarelo, se cumpriu parcialmente; verde se garantiu todas. Essa atividade rotineira também pode entrar na autoavaliação do bimestre: o que ainda precisa melhorar no cumprimento dos combinados?
Em nossa escola faremos a autoavaliação via Formulários do Google (Google Forms), colocando os principais pontos – exemplos: se fizeram as tarefas de casa e de classe, se realizaram as pesquisas, como se deu a participação nos trabalhos em grupo – para que cada um responda individualmente, analisando seu próprio desempenho. Depois de tabulado, será levada para a turma e, por meio de uma roda de conversa, buscaremos coletivamente as soluções, as quais serão levadas para a reunião do conselho.
Planejamento do segundo semestre
Ao final do semestre, você terá os documentos da assembleia; as autoavaliações; o portfólio dos estudantes (se for uma documentação presente em sua sala); registros fotográficos ou em vídeo; as avaliações que aconteceram durante o semestre; seus registros; e o relatório com o perfil da sala e encaminhamentos para o próximo semestre, documento que muitas escolas pedem ao final do semestre.
Reúna todos esses insumos para orientar seu (re)planejamento. Faça uma síntese do que cada um já conseguiu avançar e o que ainda tem pela frente. É interessante comparar o seu olhar com o olhar de cada estudante; irá surpreender-se.
Um olhar para as diagnósticas
A sondagem de escrita é um instrumento que está (ou deveria estar) presente na rotina de todo alfabetizador. Tão necessária quanto essa, temos também o diagnóstico das aprendizagens matemáticas. Se elas ainda não fazem parte da sua realidade, é hora de buscar o embasamento teórico e prático para que este panorama se modifique!
Com base na análise desses resultados e das avaliações do primeiro semestre, você poderá elencar as principais dificuldades da turma bem como quais alunos as apresentam.
Na alfabetização, a preocupação maior são aqueles alunos que ainda se encontram na fase pré-silábica ou silábica sem ou com valor sonoro. Saber quais são estes alunos que requerem uma atenção mais especial é fundamental para manter seu foco no avanço de todos.
Já na Matemática essa verificação te auxiliará a analisar as noções de número e a apropriação das operações matemáticas da turma.
O plano de ação para o semestre
Com essa análise pronta e todos os alunos mapeados, é hora de (re)elaborar o seu plano de ação. Esse instrumento merece ser continuado, pois permite agir de maneira mais pontual com aqueles alunos que ainda vem apresentando dificuldades ou pouco avanço. Além de possibilitar que você não perca o foco.
Se ainda não elaborou um plano, procure fazê-lo para um bimestre, com ações a curto prazo para cada estudante – neste texto compartilhei algumas dicas. Embora pareça difícil, tenho certeza de que terá excelentes resultados para compartilhar com a sua equipe.
Reveja seu trabalho
Faça também uma avaliação do seu trabalho: se ainda não tem o hábito de registrar, poderá dar os primeiros passos no próximo semestre – veja aqui sugestões para fazer uma autoavaliação da própria prática. Tenho certeza de que verá o quanto este instrumento ajuda na compreensão do desenvolvimento da aprendizagem de seus alunos, e, por conseguinte, pensar em estratégias mais pontuais.
Retome as expectativas para o semestre, o que quer revisitar e o que pode avançar.
Analise as prioridades e a organização do tempo
Às vezes, propomos algo que poderia ser feito em casa ou mesmo perdemos o nosso precioso tempo com atividades mecânicas que não vão levar a lugar algum, por isso, aproveite ao máximo, todos os momentos com a turma, fazendo em sala, a diferença.
Portanto, verifique como têm utilizado o tempo de sua rotina. Repense a rotina e, se for o caso, adeque de acordo com as necessidades para atender às exigências de todos. Lembre-se da importância de boas intervenções individualizadas e garanta momentos para elas.
Planeje a rotina para que todos possam aprender
Para pensar nesse dia a dia, pode começar olhando para quais atividades permanentes estão contempladas na sua rotina e quais merecem ter prioridade ou ser ampliadas.
Também é interessante utilizar estratégias diversificadas para ter diferentes momentos para intervir de forma mais direcionada com estes alunos que necessitam de mais atenção. Prepare adaptações das atividades de forma a que todos, conforme seu grau de conhecimento, possam avançar nas aprendizagens. As metodologias ativas são boas parceiras nesse sentido.
Por fim, planeje sua semana aproveitando ao máximo todas as oportunidades em sala de aula para que a turma possa ser estimulada a refletir sobre suas hipóteses (não só de escrita), para ouvir o que e como pensam diante dos conteúdos que estão sendo trabalhados. Invista em atividades em grupo para contribuir na socialização e sistematização das ideias.
É uma tarefa árdua que requer muito planejamento, foco e parceria com a equipe gestora da escola – afinal, você não está só nesta empreitada.
Depois do merecido descanso, arregacemos as mangas e vamos em frente para a segunda metade do ano.
Até a próxima,
Selene.
Selene Coletti é professora há 41 anos na rede pública. Atuou na Educação Infantil e foi alfabetizadora por 10 anos, lecionando do 1º ao 5º ano. Em 2016, foi uma das ganhadoras do Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, com o projeto “Mapas do Tesouro que são um tesouro”, na área de Matemática. Foi diretora de escola e recebeu, em 2004, o Prêmio “Gestão para o Sucesso Escolar”, do Instituto Protagonistes/Fundação Lemann. Atuou como coordenadora do Núcleo de Formação Continuada e também como formadora da Educação Infantil na Prefeitura de Itatiba (SP). Atualmente é vice-diretora da EMEB Philomena Zupardo, em Itatiba.
Fonte: Nova Escola